OLOKUN foi uma divindade trazida para Cuba pelos EGBADOS. Sabe-se que foi uma mulher nascida na África e conhecida no Ocidente como “Ma Monserrate González”. Ela era consagrada em Xangô, seu nome de nascimento em Orixá era “Obatero”. Foi levada à Matanzas (província cubana) e como dizem os velhos Babalawós de Matanzas “Apoto” que quer dizer “ A primeira que reinou”, ela foi quem fez Matanzas conhecer essa deidade africana. Morreu no ano de 1906.
Os EGBADOS tinham Olokun como uma deidade feminina, no entanto, a identificação sexual da divindade Yorubá foi controversa, sobre este tema, foram realizadas diversas pesquisas de campo como a de Natália Bolívar, em seu livro “Los Orishás em Cuba” que diz que a deidade é andrógina (metade homem e metade peixe, ainda que não tenha o gênero masculino e feminino definido). Para os Babalawós Olokun é uma deidade masculina, concordando segundo eles com os segredos trazidos da mesma Nigéria como diz Carlos Cane em seu livro “Lukumi”.
A religião dos Yorubás em Cuba refere ao seguinte: Olokun significa “Senhor do mar” e por isso, na maioria de seus devotos são de uma maneira ou de outra os que encontram o seu sustento no mar, como os pescadores e marinheiros. Para a Tradição BINI-EDO, é um orixá masculino e feminino para o resto dos Yorubás. Ambas tradições se conservam em Cuba e às vezes se unem. Em uma coisa estão de acordo, que ninguém pode incorporar com esta deidade e que não é um Orixá que se consagre em nenhuma cabeça.
O fundamento dessa deidade que entregam os olorixás consiste em um porrão de louça de uns 30 ou 40 cm de altura e se acrescentam uma “boneca” de chumbo com a figura feminina com uma serpente numa mão e uma máscara em outra mão. Também há outros objetos de chumbo. O porrão, por exemplo, os olorixás costumam usar os de cor azul e suas tonalidades.
Por outra parte, os Babalawós consagram Olokun em um porrão de barro revestido de búzios e dela pendendo 9 recipientes pequenos de barro envolvidos por correntes que representam as Olosas e Olonas.
Quando os olorixás vão entregar Olokun, levam ao mar a pessoa que vai recebê-lo. Ali em uma cerimônia se escolhem as pedras para a nova consagração e se pergunta a Olokun se são esses Otás que ele deseja. Depois, já no local de consagração com a presença de um Oriaté, executa-se os rituais de consagração que incluem lavatório, nascimento e sacrifícios ao orixá.
Confecciona-se também o AWÁN de Olokun, cerimônia na qual podem participar todos os presentes da casa que sejam ou não iniciados. Muitos dizem que o único AWÁN que existe é o de Azowano (Babalu Ayé), o que não confere com a realidade, porque o AWÁN de OLÓKUN existe e nasce no Odú de IFÁ OKANA OYEKUN e por isso, não se pode afirmar que não existe simplesmente pelo fato de somente nunca ter ouvido falar.
Temos que aprender e saber sobre IFÁ, pois IFÁ é a consciência dos Olorixás e Babalawós, são palavras sagradas de um livro sagrado que seguimos e sob este mesmo conceito é que dizemos tal afirmação.
No Odú de IFÁ IROSO TOLDA (IROSO OGUNDA) diz que quando OLODUMARÉ criou o mundo, deixou OLOKUN sem definição e, por isso, que uns dizem ser masculino e outros feminino e na realidade são os dois, já que nesse Odú os seres não tinham gênero masculino e feminino definido.
Voltando ao tema AWÁN, este consiste em uma limpeza ritual com grãos, legumes, frutas, carnes ou tudo que a natureza dá, que ao concluir será levado ao mar por pessoas instruídas no que devem fazer.
O Olokun que entregam os Babalawós também requer de cerimônia ao mar, muito mais complexas e extensa, ainda que menos divulgadas.
De tudo que foi dito sobre a sexualidade de Olokun podemos nos basear de que, por tratar-se de uma energia que permanece oculta a vista dos humanos, se especule sobre sua característica, já que os Orixás são elementos da natureza e com frequência, ainda sobre os mais conhecidos, se discute a característica de sua identidade.
Por outra parte, isso explica porque se assegura que é uma deidade que confere firmeza em todos os aspectos da vida a todos que o recebem. Este foi o motivo pelo qual uma das afilhadas de Ma Monserrate González chamada Fermina Gómez “Osha Bi”, concebeu que Olokun poderia ser entregue para aquelas pessoas que ainda não tivessem orixá consagrado, podiam recebê-lo para dar-lhes firmeza, saúde, estabilidade em todos os aspectos ao longo de suas vidas. Essa decisão litúrgica constitui a causa pela qual hoje milhões de pessoas em Cuba e no mundo inteiro possuem o fundamento de Olokun.
Ifá Ni L’Órun