Muitas pessoas me têm perguntado o que obtive, em que me beneficiei como Cultuador e Seguidor da RELIGIÃO YORUBÁ, como adorador de IFÁ. De múltiplas maneiras me tem sido formuladas e planejadas essas perguntas, quando realmente o que desejam saber é “que volume de sorte, em que proporção de bem-estar econômico me dará a prática do CULTO a IFÁ”.
Como se pode ver, há gerado uma crença errônea, tanto no campo de IFÁ, como também no campo de ORIXÁS, sobre uma certeza de um “Benefício Imediato”, depois que uma pessoa se inicia na Religião.
Desde meus primeiros passos dentro das RELIGIÕES AFRICANAS, particularmente tive a fortuna de haver sido orientado (medianamente) de uma forma correta: IFÁ te dará a pauta de como deves atuar e caminhos a seguir para um bom desenvolvimento.
Não é demais esclarecer que ninguém deve chegar a iniciar-se em nenhuma das RELIGIÕES AFRICANAS só buscando a obtenção de “Boa Sorte” como um fim único, pois o mais seguro é que posteriormente sinta-se decepcionado.
A experiência pessoal no mundo do espiritual e religioso me tem feito chegar a certas considerações e conclusões que penso é meu dever transmitir para benefício dos futuros seguidores da RELIGIÃO YORUBÁ, antes de continuar explicando a que nos levará a iniciação em IFÁ:
A determinação de nossa espiritualidade só pode ser expressada por IFÁ, quer dizer, só através da “VOZ” de ORUNMILÁ.
O simples fato de que gostemos de Espiritismo, que queiramos ser BABALORIXÁS/YALORIXÁS ou BABALAWÓS, não é indicativo que isso seja nosso caminho: há de haver consciência que cada pessoa nasceu para ser algo determinado na vida e isso não pode ser “moldado” ou “modificado” pelo capricho pessoal do interessado ou pelo maior que se comprometa a efetuar a iniciação.
Esclarecidos esses pontos, continuemos com o que diz respeito a iniciação em IFÁ.
Ingressar, iniciarmos na ADORAÇÃO a IFÁ e, por conseguinte a ORUNMILÁ, não pode ser feito de maneira abrupta: o ORÁCULO ou ADIVINHAÇÃO por meio de IFÁ, corretamente interpretado, será quem nos indique o momento em que nos iniciaremos, recebendo o IKOFÁ – APETEBI (para mulheres) e o AWÓ FAKAN NI ORUNMILÁ (para homens), o que é denominado “inadequadamente” de MÃO DE ORUNMILÁ. O termo verdadeiramente nos corresponde a RECEPÇÃO DA ENTIDADE ORUNMILÁ em nossas vidas.
Não podemos acreditar que por efetuar pedidos de “BOA SORTE”, nos choverá a mesma, isso é fato. Se nos encontrarmos necessitados materialmente, só com o passar pela CERIMÔNIA DE INICIAÇÃO não teremos as mãos cheias de dinheiro, como tampouco nos chegará distintos bens materiais de forma espontânea e muito menos ganharemos todos os prêmios da loteria.
Ao nos constituirmos como iniciados e seguidores de IFÁ, nós mesmos nos constituiremos, nesse momento em “um vivo oferecimento” a cumprir com os ditames, regras e leis de como se deve desenvolver a vida.
Por que se diz isso? Não podemos ver a IFÁ, nem a nenhuma religião, como a “Panaceia” ou “Remédio” para qualquer problema.
De um só golpe, de uma só vez, não se pode resolver todos os problemas que viva uma pessoa: uma Cerimônia, por mais sofisticada e poderosa que seja, não vai mudar ou resolver o problema daquelas pessoas que, todavia, não aprenderam a resolver sua própria vida.
O primordial de IFÁ é aprender a aceitar seus ditames e conselhos, pois em seu grande e profundo conteúdo estão as LEIS SUPREMAS DA VIDA.
Se acatarmos essas LEIS, essas NORMAS DE VIDA, as mesmas nos procurarão num desenvolvimento pessoal que será o que nos guiará entre outros objetivos a obter “BOA SORTE”.
Se IFÁ nos indica algo que não devemos fazer, o cumprimento dessa determinação será o que nos encaminhará a ter a “BOA SORTE” que ansiamos.
Desde o primeiro momento de nossa iniciação, se abrirá um leque de oportunidades para nosso melhoramento espiritual e material.
Ali mesmo começarão a se apresentar as oportunidades para nosso correto desenvolvimento pessoal, que já foi escolhido por nós antes mesmo de nascer e nos permitirá começar a corrigir atitudes errôneas que temos praticados desde os nossos primeiros anos de vida.
Assim mesmo nos serão colocados práticas e comportamentos futuros que permitirão “dar por encerrados” os males, as desgraças, os equívocos e males procedentes que nos criavam situações conflitivas, guerras, má sorte, fracassos, enfermidades e padecimentos, etc.
Não só o fato do efeito dos sacrifícios e oferendas as Entidades, formular pedidos aos ORIXÁS, nos trarão a solução, devemos nos acoplar a um novo sistema de vida que nos trará paz a nossa espiritualidade e nos encaminhará pelo caminho correto para nosso exato e benéfico desenvolvimento pessoal.
Os Conselhos e Ditames de IFÁ, já obtido diante a um registro – OSODE (Consulta com IFÁ) ou através do ITÁ DE IKOFÁ ou AWÓ FAKAN (Iniciação em IFÁ), são em definitivo a “CHAVE” que abrirá as portas de nosso bem-estar.
IFÁ não é uma “Proteção”, não é um “Amuleto”, como a grande maioria crê. Tê-lo em posse não nos dará sorte e proteção instantânea.
IFÁ nos guiará, se aceitarmos ser conduzidos por suas mãos, pelos caminhos corretos e mais limpos da VIDA, advertindo-nos dos obstáculos que a todos se fazem presentes.
IFÁ é a BÚSSULA que nos orientará para chegar ao “PORTO SEGURO” que estão na rota de nossas vidas particulares.
(Awó Ni Orunmilá)
Ifá Ni L’Órun