Dentro dos vários tratados de ORIXÁS aos quais tive acesso, vemos que XANGÔ é diferente de AGANJÚ, ou seja, afirmam categoricamente que um ORIXÁ não tem nada a ver com outro. Por exemplo, em OSÁ BARA e OBARA SÁ falam da manifestação de AGANJÚ como ORIXÁ específico isso nos dando a certeza, visto que AGANJÚ é um ORIXÁ distinto, pois mostram neles e em suas expressões que a vestimenta de AGANJÚ, os gostos, o culto de AGANJÚ, os Igbás e os assentamentos dele, são diferentes dos de XANGÔ.
Quero lembrar mesmo assim que entre esses ORIXÁS existe uma ligação muito forte, mas a regra YORUBÁ LUKUMI afirmam que os dois são irmãos, sendo AGANJÚ muito mais velho. AGANJÚ vem a ser o ORIXÁ dos vulcões, do fogo, o que até aí encontramos uma semelhança com XANGÔ, porém apesar dessa semelhança espiritual, encontramos outras que divergem um do outro. AGANJÚ apesar de ser um ORIXÁ guerreiro e muito mais velho que XANGÔ, vive no fundo da Terra, recolhido, como os vulcões, saindo o mesmo em alguns momentos.
Já XANGÔ é um guerreiro ativo por 24 horas, motivado pelas guerras, pelas alegrias e do desejo da vida e de viver intensamente. AGANJÚ é um ORIXÁ do silêncio muitas vezes e XANGÔ é da guerra, do barulho, da festa, de nunca dormir para não perder um dia de vida. Encontramos aí mais uma diferença entre eles. AGANJÚ come cabrito capado, XANGÔ come carneiro.
Em um dado momento conta um PATAKI de IFÁ que XANGÔ e AGANJÚ guerreiam entre si e a guerra termina quando AGANJÚ entende e vê que XANGÔ seria filho de YAMASÉ e que se tal guerra continuasse acabariam com o mundo e não acabariam com eles. XANGÔ é o ORIXÁ das virilidades, das mulheres, do reinado, da vida por excelência.
AGANJÚ estabelece em alguns momentos a paz e é voltado para o lar, para a casa. XANGÔ vem a ser ONI (soberano) pois recebeu de OLÓFIN o dom de liderar o mundo. Já AGANJÚ ganhou a missão de equilibrar o mundo dentro de seu contexto, por isso, MAFEREFUN XANGÔ e MAFEREFUN AGANJÚ! Já AGANJÚ no candomblé brasileiro é visto como um menino, uma criança e uma qualidade de XANGÔ.
Ifá Ni L’Órun
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