Haviam dois povos que estavam em uma grande guerra e um rio os separavam.
O Obá (rei) de um dos povos, ao ver a situação crítica em que se encontrava o seu povo, decidiu convocar todos os Awós (sacerdotes de Ifá) daquela região em busca de soluções para salvá-los.
Entre todos os Awós que se apresentaram, um deles era OTURA AIRA. Ao consultarem IFÁ, se apresentou o Odú OTURA AIRÁ trazendo as respostas para a solução.
Todos os Awós deram suas indicações. Ao chegar a vez de OTURA AIRÁ, este afirmou que para poder vencer tais calamidades era necessário realizar um tributo a OSHÚN.
Entretanto, os demais Awós desmentiram OTURA AIRÁ. Então o Obá, sem alternativas, decidiu seguir o que a maioria havia indicado.
Seguindo as instruções da maioria, o Obá mandou construir uma jangada para transportar o necessário com a finalidade de alcançar a margem oposta do rio, sendo esta a única salvação.
Na primeira tentativa, o rio virou a jangada, pois justamente naquele dia o rio começou a subir, invadindo aquele território. Em consequência, perderam tudo o que restava. E todas as tentativas seguintes foram inúteis.
O Obá, diante das consecutivas tragédias, exigiu que os demais Awós lhe dessem explicações sobre os grandes fracassos, já que ele havia seguido todas as suas indicações.
Encurralados e envergonhados, os Awós disseram ao Obá que chamasse OTURA AIRÁ e seguisse suas recomendações. E assim foi feito.
Ao chegar, OTURA AIRÁ realizou as oferendas a OSHÚN e fez no Obá o ebó que IFÁ havia indicado.
E foi dessa forma que o Obá conseguiu passar para o outro lado do rio, sem sofrer percalços. E, portanto, ele e seu povo puderam se salvar da destruição, graças às orientações de OTURA AIRÁ.
(Desse Pataki surgiu que OTURA AIRÁ rouba a cena).
Ifá Ni L’Órun