No inicio do mundo ninguém trabalhava. Todo mundo vivia do pouco que Olófin lhe dava, como quando um pai tem vários filhos e todos vivem à custa dele. Porém dentre àqueles filhos, havia um que se chama ORISHÁ OKO, que devido a necessidade que passava, se dedicou a trabalhar a terra, semear, produzir distintas classes de grãos para o alimento. Olófin viu que ORISHÁ OKO trabalhava e era bom e que os demais vivam cansados e não tinham o que comer e morriam de inanição. Como Olófin necessitava terminar sua obra, chamou a ORISHÁ OKO e lhe disse:
“Filho meu, dê um pouco de comida daquela que tu produz para os teus irmãos”.
E meus irmãos? O que darão em troca? Contestou ORISHÁ OKO. Olófin lhe disse: “Eles não têm nada”…
ORISHÁ OKO respondeu: “Eu trabalho e tenho”.
Então Olófin lhe disse: “Deixe-me ver uma de tuas mãos”.
ORISHÁ OKO a mostrou e Olófin apontando-a lhe disse: “Tu vês ORISHÁ OKO, como esta é uma mão, parte de teu corpo e os dedos parte dela, não são iguais; o dedo mínimo não é igual ao dedo médio e o indicador; tampouco o indicador é igual ao polegar e mesmo assim todos são da mesma mão. Como vês todos são irmãos e nenhum é igual”.
Então foi quando ORISHÁ OKO, unindo as mãos e mostrando-as a Olófin, lhe disse: “Veja meu pai, as duas mãos têm cinco dedos cada uma e os dez não são iguais, mesmo unindo as duas, também não são iguais”.
Olófin disse: “É verdade filho, mas uma é Otún e a outra Osi. Otún tem mais força que Osi”.
ORISHÁ OKO lhe respondeu: “Bom meu pai, já que eu tenho essa força, esse poder, então trabalharei para os homens e para todos os seres viventes, mas o que me darão em troca de minha força, minha energia, meu vigor, perdidos para que eles vivam?”
Faço aqui o pacto, disse Olófin:
– Bem filho meu, em recompensa de tua energia, vigor, força e tudo o que tiram de ti, eu Olófin te disponho:
“Que enquanto o mundo seja mundo, todos os que de ti vivam, tudo o que se move na terra, todos os que a pisam, os vivos morrerão, enfim, todos os que pisem teu corpo, te nutrirão e vigorizar-te-ão depois”.
Ifá Ni L’Órun