Devo ressaltar então, que nossa tradição está embasada por escrituras antigas, nas quais se justificam todas as cerimônias, rituais, que por sua vez, reciprocamente, justificam a autenticidade das mesmas. Infelizmente, alguns ditos “sacerdotes” se empenham em pôr em dúvida a veracidade das escrituras sagradas de IFÁ, sem se dar conta de que, nem mesmo eram nascidos quando as mesmas foram catalogadas e que já vinham sendo realizadas assim desde então. Para o melhor entendimento, aconselha-se que se estudem a fundo a base histórica e literária da nossa religião, evitando assim, o desrespeito ao Sagrado, no que se refere a alguns indivíduos.
A chegada dos africanos a Cuba foi dramática, em barcos lotados de homens e mulheres, tratados de forma desumana, sob o punho da escravidão e da degradação humana. Tais negros, trazidos a ilha, digo não por coincidência, mas pela facilidade e melhor rota marítima que fazia Cuba com a Nigéria, dotados de sua religiosidade e cultura, foram levados ao mais baixo extrato social e considerados apenas mercadorias de trabalho.
Muitas etnias, costumes, culturas, tradições e expressões religiosas, se constituíram como forma de sobrevivência naquelas condições. Porém, muitos destes homens e suas culturas espirituais, tratados desta forma sub-humana, eram portadores de uma poderosa cultura imaterial e de valores intangíveis e inigualáveis armazenados em seus corações e mentes.
Este universo limitado em que se converteu Cuba, permitiu que pouco a pouco surgisse uma estrutura nova e distinta, porém, conservando valores, modo de pensar e agir do homem e da mulher e de seus descendentes. Tais expressões africanas, encontraram com outras vertentes já existentes na ilha, ou se incorporaram posteriormente. Assim se dá início a uma fecunda união na qual deram origem as religiões cubanas Africanas desenvolvidas em Cuba. Dentre elas, a mais resplandecente, OSHA-IFÁ.
Com a chegada de alguns grandes sacerdotes legítimos Nigerianos e se instalando em Cuba, logo deram inicio a uma das primeiras consagrações de BABALAWÓS na ilha, Cito nomes como: ADESINA( Nigeriano rei na Nigéria), ADOLFO FRESNEDA (Nigeriano) – OGUNDA TETURÁ, ÑO CARLOS ( Nigeriano) ARDEVI (Nigeriano) – OJUANI BOKA, LUGUERE (Nigeriano), BARNABÉ (Nigeriano) MENOCAL, ÑO JOSÉ ACONCON (Nigeriano) – OYEKUN MEJI, ANAI, (Nigeriano) ATANDA (Nigeriano), FRANCISCO CARABÁ, ASEDAN (Nigeriano) e outros mais, todos de origem africana, dos quais muitos de seus descendentes, eternizaram e solidificaram IFÁ, para sempre. BABALAWÓS descendentes de Africanos tanto em IFÁ quanto sanguínea, Tais como: TATA GAITAN – OGUNDA FUN, BERNARDO ROJAS, CORNÉLIO VIDAL, ASUNCIÓN VILLALONGA, GUILERMO CASTRO, BRUNO PEÑALVER, MIGUEL FÉBLES, ATANACIO TORRES, JOAQUIM SALAZAR, PANCHITO FÉBLES, CUNDO SEVILLA, JUAN ANTONIO ARIOSA, TIMA, PEDRO RUIZ, JUAN ÂNGULO, EL DE JOSEITO HERRERA, EL CHINO OFARRILL, ALBELO, DIEGO FONTELA, ELPÍDIO CÁRDENAS, ADALBERTO ABREU, CEBA, CHINO POEY, MARTINEZ, CHECHÉ, SANTA CRUZ, MADRIGAL (OGBE DI), LUCIANO CANTO, ANGEL PADRÓN, ANDRÉS BOMBALIER, dentre muitos outros.
Até meados dos anos de 1960, tanto IFÁ quanto OSHA, eram vistos com reservas, não somente por não ser uma expressão católica, mas também por ser considerado um culto utilizado por negros, que não eram ilustres, nem tampouco alfabetizados em sua maioria. Porém, sim, tinham o conhecimento dos infinitos feitos e conquistas que foram obtidos fazendo uso dos poderes secretos destes cultos. Na medida em que foi se estabelecendo o totalitarismo no país, o qual causou grande escassez, numa fase em que, existia dinheiro em abundância e não havia o que comprar. Não se sabia e não havia em que gastar!
É quando então, começam a chegar a IFÁ e a OCHA, os brancos, pessoas letradas e ilustres, em grandes quantidades. Já por meados dos anos de 1970, este contingente de pessoas que chegaram constituem a terceira geração de OSHA-IFÁ em Cuba. Desta fase podemos destacar alguns nomes como UBALDO PORTO, FÉLIX CANCIO, IVO MORALES DIAZ, MARIO ABREU HERNANDEZ, LÁZARO HIPÓLITO, ALFONSO ARMENTEROS, JORGE RAMIREZ, JOSE RAMÓN, ÁVILA OTERO, PABLO ROBERTO LARA, BENITO OSHE PAURE, BUENAVENTURA PAEZ, LUIS CHALA IZQUIERDO, MARQUETI, LAUREANO IWORI OTURA. Alguns dos nomes citados se estabeleceram no exterior, formando assim descendências religiosas. Tais descendências originaram ramas, como a de ELPÍDIO CÁRDENAS OTURA SÁ, afilhado de ARTURO PEÑA OTRUPON BARA IFÉ. Sendo ELPÍDIO CÁRDENAS padrinho de AMORO BANGO, que por sua vez foi padrinho de WILFREDO NELSON ERDIBRE, que é padrinho de JOSÉ ROBERTO BRANDÃO TELES OJUANI MEJI, sendo o mesmo padrinho deste que vos escreve, EVANDRO LUIS DE CARVALHO OTURA AIRA IFÁ NI L’ÓRUN.
Oluwó Siwajú Evandro Otura Airá Ifá Ni L’Órun