A importância de ELEGUÁ é tanta que todas as cerimônias de ORIXÁS começam com uma invocação ao ORIXÁ ELEGBARA, que tanto pode ser oral, cantada, ou por meio de três golpes sobre a superfície. Desta maneira se solicita a permissão para iniciar qualquer tipo de cerimônia.
ELEGUÁ ou ELEGBARA atua nos cultos como dono e senhor de todos os caminhos. É ele quem abre e fecha as portas, marca as encruzilhadas e de certa forma, é o dono de porvir o futuro. Qualquer ação que se acometa na vida, especialmente se se tratar de viagens ou iniciativas econômicas, deverá se consultar a ELEGUÁ.
É um ORIXÁ um tanto ciumento, porque se se realiza uma oferenda a qualquer outro santo, primeiro se deve fazer a ele. Não importa que a oferenda seja de comidas, flores, licores ou dinheiro. ELEGUÁ deverá ser sempre o primeiro a recebê-la ou degustá-la.
ELEGUÁ domina as quatro esquinas do mundo, o centro da Terra e todos os caminhos que por ela transcorrem. É o ORIXÁ que nos abre as porta até as realizações e não obedece mais que sua própria vontade. O azar, o destino, a esperança, o imprevisto, a felicidade, o caráter imprescindível do destino, a tragédia e a boa e má sorte, pertencem a ELEGUÁ. A ele sempre lhe dedicam três toques de tambor (AÑA BATA).
É o ORIXÁ que forma parte da trilogia dos santos guerreiros, junto com OGUN e OXÓSSI. Costumam andar sempre juntos e habitam em uma “casinha” ou pequeno receptáculo atrás da porta de entrada da casa. Mas além da trilogia citada, é importante mencionar que a ELEGUÁ também o acompanha EXÚ, que é o ORIXÁ que representa a encarnação dos problemas inerentes ao ser humano.
Ainda que falaremos de EXÚ posteriormente, convém citar que para os ELESSE ORIXÁ, a casa representa o refúgio e santuário que os protege dos golpes do destino. Portanto, ELEGUÁ reside em um umbral de sua morada, marcando a fronteira entre o mundo íntimo e exterior. Mas como não pode existir o bem sem o mal, nem a tranquilidade sem a inquietude, a EXÚ se convém instalar em um lugar fora de casa. Quando no domicílio se apresentam discussões e problemas, se diz que EXÚ entrou e veio fazer uma visita.
ELEGUÁ vive em uma casa de barro e se lhe deve representar com um coco, mas são mais comuns os elaborados com pedra. Estes últimos têm bocas, olhos, nariz e orelhas feitas de caracóis ou cawries (búzios). Todos eles levam seu “mistério” e devem ser entregados por um OBÁ ORIATÉ ou BABALAWÓ (no caso de EXÚ) e contém poderes e proteção para o iniciado.
As cores favoritas de ELEGUÁ são o vermelho e o negro, e se lhe adorna com um colar de contas dessas cores, que personificam a vida e a morte, o princípio e o fim. As oferendas que mais o agradam são o tabaco (charuto), pequenos peixes cozidos ou crus, milho tostado com manteiga, os cabritos e os pequeninos pintinhos. ELEGUÁ não suporta cebola e cigarros. Aprecia velas e os doces, a goiaba é sua fruta predileta. Oferecer-lhe um pintinho é uma oferenda muito importante, valorizada e especial para ele.
Curiosamente ELEGUÁ toma como seus um monte de objetos, como podem ser apitos, os facões, chocalhos, os chapéus, as moedas de prata, pedacinhos de ouro e cocos secos decorados.
Quando montado ou de posse de um fiel, deve colocar-se imediatamente atrás da porta da casa ou templo, que é em definitivo seu lugar religioso. Dança e se comporta como um menino faz caretas e inventa jogos e brincadeiras; nunca está quieto e entra e sai da casa fazendo piadas. A roupa de ELEGUÁ se relaciona com suas cores favoritas, ou seja, vermelha e preta adornada com contas de ditas cores e caracóis ou cawries (búzios).
Os filhos de ELEGUÁ são muito hábeis e inteligentes, mas pouco constantes em suas iniciativas e propósitos. Muito dados a minimizar e a divergir, podem chegar a tocar no limite entre a legalidade e o que é ilegal e fraudulento. Não obstante, sempre serão encantadores e muito propensos a desenvolver suas funções dentro de altos cargos empresariais ou políticos.
Ifá Ni L’Órun