Quem é OLOKUN?
OLOKUN é um Orixá que é fundamento de IFÁ e de OSHA e que está relacionado com os segredos da vida e da morte. OLOKUN é pai e mãe de YEMANJÁ. OLOKUN proporciona saúde, prosperidade e evolução material. É o ORIXÁ do oceano, representa o mar em seu estado mais aterrorizante. É andrógino, metade peixe e metade homem, de caráter compulsivo, misterioso e violento. Tem a capacidade de transformar-se. É temível quando se enfurece. Na natureza é simbolizado pelas profundidades do mar e é o verdadeiro dono das profundidades deste, onde ninguém pode chegar. Representa os segredos do fundo do mar, já que ninguém sabe o que há no fundo do mar, só OLOKUN e OLÓFIN (DEUS).
Representa além de tudo as riquezas do fundo do mar e a saúde. OLOKUN é uma das divindades mais perigosas e poderosas da religião OSHA-IFÁ.
Diz-se que OBATALÁ o acorrentou no fundo do Oceano, quanto tentou matar a humanidade em um dilúvio. Representa-se ele sempre com uma máscara. Seu culto provém da cidade de Lagos, Benin e Ilé Ifé.
Seu nome provém do Yorubá OLÓKÚN (Oló: dono – Okún: Oceano). Na REGRA DE OSHA LUKUMI é um dos principais poderes que não pode faltar aos OLOSHAS e BABALAWÓS. Seu culto principal é propriedade dos BABALAWÓS que o recebem com 9 Olosas e as 9 Olonas, além do Exú característico. As Olonas e Olosas são as ninfas da água, representam os rios, riachuelos, lagoas, cascatas, mananciais, poças, extensões marítimas e a água da chuva.
Não é feito ou raspado na cabeça de nenhum iniciado e os Oloshas o recebem e o entregam em uma cerimônia que inclui cerimônias em um monte e o mar. Convivem com OLOKUN dois espíritos Somú Gagá e Akaró que representam a vida e a morte respectivamente. Ambos espíritos são representados por uma mão de chumbo que leva em uma mão uma serpente (Akaró) e na outra uma máscara (Somú Gagá).
OLOKUN pode ser entregado por BABALAWÓS ou IWORÓS e a validade de ambos está reconhecida. O porrão do OLOKUN de BABALAWÓ leva dentro e está coberta com conchas marinhas para representar o fundo do oceano. Fala através de ORUNMILÁ com Ikins.
Em IFÁ o culto de OLOKUN se realiza junto com ODUDUWÁ, em sua relação e conjunção de terra e mar. Nesta cerimônia se dançam com os porrões e com as nove máscaras. Esta tradição se perdeu um pouco em CUBA.
A diferença principal entre o OLOKUN de IWORÓS (OLOSHAS) e o de BABALAWÓS é que o de BABALAWÓS não leva água. Considera-se que o OLOKUN de BABALAWÓS vive no espaço vazio de rochas que existe entre o núcleo de terra e de água dos oceanos. Por isso, não leva água. O de IWORÓS leva água já que seu centro é AGANA ERÍ, a espuma do mar.
Seu número é 9 e seus múltiplos. Suas cores são o azul, branco ou negro. Saúda-se Maferefun OLOKUN!
Pataki de OLOKUN:
ORISHAOKO passeava uma tarde pela beira do mar onde viu aparecer o rosto de uma linda jovem, temendo que fosse uma miragem logo perguntou o seu nome e quem era seu pai.
– Chamo-me OLOKUN e sou filha de OBATALÁ – respondeu da água.
O lavrador não pode dormir nessa noite pensando na linda donzela e ao amanhecer saiu apressado a pedi-la em matrimônio. OBATALÁ o escutou e com grande paciência lhe disse: “É certo que minha filha tem um rosto muito lindo, mas também tem um defeito, só te a darei em matrimônio se tu te comprometer a nunca jogar-lhe esse defeito na cara dela”. ORISHAOKO aceitou a condição e no dia das bodas, quando chegaram na casa, viu que sua esposa tinha um corpo desforme, mas já não havia forma de voltar atrás.
O tempo passou e enquanto o lavrador cultivava suas terras, a mulher vendia a colheita no mercado. Um dia OLOKUN regressou sem ter podido vender a mercadoria e ORISHAOKO cegado pela ira discutiu sem parar até que, quebrando a promessa, lhe jogou na cara seu defeito.
OLOKUN andou até sua casa no mar e foi tanto sua ira que as águas começaram a inundar a terra. Passavam os dias e o desgosto de OLOKUN era cada vez maior, as pessoas não tinham onde se refugiar e ORISHAOKO sentindo uma grande vergonha se dirigiu ao palácio de OBATALÁ a implorar-lhe misericórdia.
Várias mensagens seu pai a enviou, mas o despeito desta era tal que esqueceu até a obediência. Então Babá OBATALÁ ao ver que suas ordens não eram cumpridas, enviou YEMANJÁ OKUTÉ a casa de OGUN em busca de uma corrente mais forte que jamais se ouviu falar e quando a teve em seu poder, encarregou YEMANJÁ ASHABÁ para que acorrentasse sua irmã no fundo do mar. Desde então OLOKUN vive atada nas profundezas do oceano, onde nem a vista do homem pode chegar, mas quando se recorda do ultraje recebido, é tanta sua ira, que as terras voltam a ser inundadas pelo mar.
Ifá Ni L’Órun