QUANDO A VERDADE PREVALECEU SOBRE A MENTIRA. (A luta de dois inteligentes).

Olófin e Abita tiveram uma meditação sobre a verdade e a mentira , onde decidiram por à prova, testar aos homens,  para que cada qual escolhesse livremente seu destino de evolução. A verdade então, foi a casa de Orunmilá e fez ebó.

Partiram assim, as duas inteligências para a Terra e um dia, depois de dura e massante tarefa, se encontraram no caminho começando a filosofar, onde cada qual defendia seus interesses, porém não chegavam a um acordo. Combinaram cada uma então, em preparar suas armas e lutarem encarniçadamente para definir qual das duas inteligências reinaria na Terra.
A mentira então recrutou o erro, as debilidades, a ambição, as falsas aparências, as falsas expectativas, a estafa, a demora e a traição e lhes explicou que deveriam unir-se a ela, para matar a verdade.
A verdade, por sua vez, recrutou o valor, a justiça, o desafio, a segurança, a consciência tranquila, a precaução, a educação, o respeito e a harmonia. Então a verdade foi de novo a casa de Orunmilá e lhe explicou o que ocorria. Orunmilá então lhe fez ebó e prometeu estar ali no dia da batalha acompanhado pelo amor.
Orunmilá chegou ao local onde a mentira enfurecida esperava a chegada da verdade e então lhe perguntou: poderia você existir, se no mundo não houvesse o medo da verdade?
Depois perguntou para verdade: como poderia o homem medir o peso de uma verdade se não existisse no mundo o seu oposto, a mentira?
Continuou dizendo: como dizer sempre a verdade sem ferir ou sem que a fofoca a destrua? Não existe por acaso uma mentira que dê felicidade e uma verdade que destrua uma vida?
Ou será que não se dá conta aquele que cala uma verdade, que ele encobre uma mentira? Pois se mal é calar uma verdade, pior é dizer uma mentira! Ou será que é melhor dizer a verdade e morrer, do que viver na mentira? Com este jogo de palavras, Orunmilá confundiu a mentira de tal forma que nem ela mesma sabia se era verdade ou se era mentira.
A verdade e a mentira baixaram as suas armas, se dando conta de que eram duas caras da mesma moeda. E então perguntaram confusas a Orunmilá: Como devemos atuar de agora em diante? Orunmilá lhes disse:…É mais importante a boa intenção do que a própria ação!
A mentira com suas enormes garras, abriu um kutum, onde enterrou suas indignas armas, emendando assim seus defeitos. E Orunmilá com o amor, conseguiu o impossível. Sublimar a mentira, convertendo-a em verdade!
Quando a mentira voltou vencida diante de Abita, este se deu conta que ela tinha em seu interior a raiz da verdade, então amaldiçoou a verdade para que ela nunca fosse absoluta e que os homens sentissem o peso da desorientação.
Olófin abençoou a Orunmilá e a sua doutrina a qual declarou verdade. Das verdades, para os que as compartilhem, nunca sejam enganados por Abita e tenham vida em Olófin!

Iboru, Iboya, Ibosheshe!

Olwo Siwajú Evandro Otura Airá