O culto a EGUN é possivelmente o mais antigo dos cultos ancestrais de todas as religiões a nível universal. Tem como base render honras aos mortos, atender suas mensagens, requerimentos e necessidades. O termo “mortos”, se refere aos nossos ancestrais religiosos, nossos familiares, entes queridos e aqueles que devido a forma em que faleceram, não são conscientes de seu novo status de existência.
Os EGUN são espíritos da vida e da morte, pois eles são os que de uma forma ou de outra estão nos dois planos. Eles são os intermediários entre os vivos, os ORIXÁS e os espíritos que nos assistem, baseando-se nos distintos tipos de EGUN que podemos classificar de modo “hierárquico”.
Realmente se dá a definição de EGUN aos espíritos dos ancestrais da religião. Ainda que a palavra EGUN ou EGUNGUN signifique em muitas etnias “osso” ou “esqueleto”, se aplica também a muito términos espirituais pela fonética tão complicada dessa língua YORUBÁ, porém na maioria das vezes é para referir-se a tudo o que se concerne definir qualquer tipo de fenômeno que é normal nesse campo.
É sabido que temos sempre que respeitar a memória de nossos ancestrais. As reverências a eles é uma das bases mais firmes de nossa religião de matriz africana.
Os EGUNS comem antes de ELEGBARA, separados dos ORIXÁS e em todas as cerimônias e festas de ORIXÁS ou IFÁ. Primeiro temos que cumprir com eles e pedir-lhes permissão para tudo o que se vai fazer.
EGUN é o ser que representa todas as almas que se foram desse mundo.
Este termo pode causar muita confusão, pois ESPÍRITO (desencarnados) pode englobar uma grande parte do mundo espiritual. Daí a grande confusão que pode gerar para as pessoas que apenas estão conhecendo IFÁ-ORIXÁS.
É por isso, que existem mais términos para especificar a que tipo de EGUN que se chama (por exemplo).
Alguns nomes:
EGUN AIMA é um espírito vago, perdido; é ele que frequentemente recorre às pessoas (que têm luz) se apegam as pessoas, não por maldade, mas porque só querem encontrar algum caminho, algum rumo, pois estão perdidos.
EGUN ARAÉ é o espírito de algum familiar e é quem atende as pessoas da família.
EGUN SHEBO este é o espírito de algum familiar, de algum ancestral, tanto de sangue, como de religião e é a este a quem se oferece e se chama nos ritos a EGUN.
EGUN ELEMI é o guia a que recorrem as pessoas espiritistas.
EGUN ORÉ é o espírito de algum amigo.
EGUN BURUKU é um espírito obscuro e muito prejudicial.
EGUN IKOKO NI é o EGUN (espírito) que vive em uma prenda (NKISI).
EGUN MOTILOWAO é o espírito NFUNMBE, que sai para trabalhar e obedecer às ordens de sua NGANGA (TATA).
Através dos fundamentos de EGUN, os espíritos dos ancestrais (tanto de sangue como de religião) se comunicam com quem recebeu tal fundamento.
HISTÓRIA
Em tempos passados, os falecidos eram enterrados em um canto da cabana e a família se reunia para apresentar seus respeitos aos antepassados. Os membros da família colocavam ali a comida favorita do antepassado morto, assim como sua bebida e fruta favorita e uma madeira com tiras de tecido de roupas que haviam pertencido ao ancião com sinos amarrados na madeira. Com este cajado golpeavam o chão enquanto cantavam orações para pedir suas bênçãos, conselhos e proteção. Esta tradição como muitas outras, tem sobrevivido com o passar do tempo e se manifesta em muitas crenças ou religiões.
O nome congolês dessa vara ou palo é ARIKU BAMBAYÁ, também conhecido como PÁ GUGU de EGUN ou BASTÃO de EGUN. O PÁ GUGU de EGUN se coloca junto ao altar do antepassado, adornado a maneira dos tempos antigos. Se não dá para usar a roupa de um antepassado para fazer as fitas e adornar a madeira de EGUN, então será suficiente usar fitas de diversas cores com sinos atados nas pontas. O simbolismo é a chave. Todos os altares deveriam ter uma representação dos elementos básicos:
TERRA: está simbolizada pelas flores que crescem dela. Representam a beleza que é a Mãe Terra e o amor que age com toda a criação.
AR: tem sua representação nas velas, já que é o ar que alimenta o fogo.
FOGO: simboliza a viva energia espiritual, uma entidade viva que respira com propriedades destrutivas e positivas. Como energia positiva representa a vida e a luz que dá esta, a todos aqueles que buscam a verdade.
ÁGUA: exemplifica a limpeza, a claridade e o pensamento puro. É o elemento que promove a vida, a essência primordial da terra. Tudo o que vive e respira, sobrevive da água que cai do céu.
Ifá Ni L’Órun