OXUMARÉ REI DOS CÉUS

OXUMARÉ é a serpente, Arco-Íris e suas funções são múltiplas. É conhecido como um servente de XANGÔ, já que é o encarregado de devolver as nuvens, a água que XANGÔ envia ao mundo através da chuva. Representa a evaporação da água, ciclo muito importante devido a isso sustentar a vida na Terra, já que sem a chuva e sem o retorno das nuvens a vida pereceria. É responsável pela comunicação entre as duas esferas, superior e inferior do Cosmos. Guerreiro árduo, é atribuído a ele o governo dos ares e de alguns fenômenos atmosféricos.

OXUMARÉ é a força vital, a mobilidade e a atividade, parte de seus trabalhos inclui dirigir a força ou elementos que produzem movimentos. É o patrono de tudo que seja longo ou prolongado.

A representante e mensageira de OXUMARÉ é a serpente chamada ERE pelos YORUBÁS, uma espécie de cobra grande, acredita-se que o excremento deste animal tenha virtudes mágicas que outorguem sorte e riquezas ao quem a encontra.

OXUMARÉ traz a paz à Terra, é uma serpente, uma cobra. É o símbolo da continuidade e da permanência. É visualizada como uma serpente circular a qual morde sua própria cauda. Nesse aspecto é o que evita que a Terra seja destruída ou se aniquile. Se ele se debilitar significaria o fim do mundo. Por isso, o ser humano deve ofertar-lhe seus ADIMUS (oferendas) como é devido. É masculino e feminino ao mesmo tempo. Este duplo aspecto se faz presente nas cores vermelha (masculino) e azul (feminino), o qual lhe serve de verde o arco-íris.

O lugar de nascimento desse ORIXÁ está na região MAHI do antigo DAHOMEY onde era chamado de DAN, área que também dá origem a BABALU AYÉ e NANÁ BURUKU (os YORUBÁS dizem que nasceu do ventre de YEMANJÁ). Nessa terra empregam uma conta azul chamada SEGI e DAMI (excremento da serpente) pelos FON, o qual consideram que surge da difusão entre a terra sobre a qual tenha evacuado uma serpente seus excrementos. O valor outorgado a essas contas é o mesmo que se outorga ao OURO em nossa parte do hemisfério.

Entre os FON, DAN parece desenvolver um papel mais importante entre os mesmos YORUBÁS, já que é a divindade única deles ou entre eles que representa as riquezas. Os YORUBÁS têm um ORIXÁ chamado AJESALUGA, KOWO em CUBA, ao qual outorgam esse atributo.

Entre os FON também é conhecido como DAN AYIDO WEDO entre os EWE e DANBALA WEDO, conhecido assim no HAITI. Estes têm suas origens em DAHOMEY. DAN é protetor e guardião dos demais VODUN, sobre tudo a HEVIOSO (XANGÔ) a quem ajuda a retornar ao céu quando descende à terra (a chuva se evapora).

DAN é o símbolo de mobilidade e de sinuosidade. Tudo o que se curva e se move, porém que não tem pés, é DAN o que faz que a mão, o braço e o pé do ser humano se mova, esta é a manifestação de DAN em todos os seres. Segundo a crença, a serpente existia antes da criação da Terra. Esta levava a MAWU (a lua) carregada em sua boca. De seus movimentos nasceram as montanhas, as elevações e caídas dos planetas.

No aspecto andrógino de DAN se deve a crença na existência de duas serpentes. A feminina habita no céu e cuida das pedras de raio que HEVIOSO ou XANGÔ enviam à Terra. Devido a isso, muitos o associaram com o relâmpago. O masculino acredita-se que vive enroscado embaixo da terra, levando e sustentando a enorme carga através do universo. Quando se move para equilibra-se, a terra treme.

Em DAHOMEY todo aquele que desejava prosperar na vida, estabelecia um tipo de tabernáculo para adorar DAN. Todos os FON rendiam tributo e lhe faziam oferendas. Seu tabernáculo é normalmente erigido onde se tem os demais VODUN ou ORIXÁS, acredita-se que cada Deidade tem seu próprio DAN, sua própria nutrição que lhe dá origem ou lhe mantém. DAN representa também os antepassados mais distantes, cujos nomes foram esquecidos.

Uma Mojugba de OXUMARÉ proclama que…”OXUMARÉ descansa no céu e controla a chuva que cai do mesmo sobre à terra. Ele chega ao monte e respira como o vento. Pai que roga por nosso desenvolvimento e que nos outorga larga vida”.

OXUMARÉ é paciente, mas perseverante, sumamente generoso e nunca se nega a dar a mão a aquele que necessite. Seus filhos são desconfiados, retraídos, inconscientes e muito observadores. Sua tendência a duplicidade é atribuída a seu aspecto andrógino.

Em IFÁ, OXUMARÉ fala em EJIOGBE OYEKUN, em DILOGUN ele se manifesta no ODÚ OSHE EJILA (5-12). Onde se encontrar XANGÔ, se encontrará também OXUMARÉ ao lado.

Sua saudação e mojugba:

Saudação: ARO BOBOI

OXUMARÉ AGEDE GBE. (“Arco-íris que se desliza sobre o firmamento como uma grande espada”).

Mojugba: ARO BOBOI ABERU SAGA AZABORE KEYI ARO BOBOI BESEN.

 

Ifá Ni L’Órun