YEWÁ DA ÁFRICA AO OCIDENTE

 

YEWÁ é um ORIXÁ dona da transição entre a matéria e o espírito e representa esse momento.

É amplamente ligada a morte e guia todos os EGUNS para essa transição. Seu culto provém de DAHOMEY e viveu em EGBADO.

Seu nome provém do YORÙBÁ YÈWÁ (YEYÉ: Mãe – AWÁ: Nossa).

Por outro lado, YEWÁ também representa o horizonte, o encontro entre o céu e a terra; entre o céu e o mar. Representada pelo pôr do sol, controlando o fenômeno visual e horário do dia até a noite, protegida por dois bravos guerreiros que não permitem que ninguém se aproxime dela nesse instante. A associação mais direta é com o crepúsculo, do qual é a encarregada e, por isso, seu traje rosa intenso.

Desta forma, a cada entardecer, seus templos fechavam as portas e em alguns lugares não era prudente tocar música, cantar ou dançar ao entardecer.

Também gosta de viver nos jardins. À noite é companheira de MAKENO (OXAGRIAN). YEWÁ é muito contida e somente teve um filho e nunca mais conheceu outro homem.

Segundo os ODÚS de IFÁ, nasce no ODÚ OTURA OSÁ.

YEWÁ é navegante, pesca e reparte GUACALOTES (favas de Oxóssi) entre os jogadores, como podemos observar no ODÚ de IFÁ OTURA IWORI.

Também podemos ver a presença de YEWÁ nos ODÚS de IFÁ OTURA IROSO, OGUNDA OJUANI, OTURA ADAKOY, OGBE OTURA, OGUNDA IROSO, IROSO ATE, ODI MEJI, dentro outros.

Em MERINDILOGUN (búzios) vemos sua presença em IROSO TONTI MERINDILOGUN (4-16), IROSO TONTI OSÁ (4-9), IROSO TONTI EYOCO (4-2), IROSO (4), OKANA (1), OSÁ (9) e OJUANI (11).

História

Para compreender YEWÁ, devemos retroceder até sua origem nas terras DAHOMEY, ou terras ARARÁS (DJEDJE). Nessas terras é onde podemos observar a origem desse VODUN e suas primeiras referências concretas para a Cultura Ocidental Europeia datam do século XVIII, quando tanto franceses como ingleses resgataram dados antropológicos e culturais das tribos dessa parte da ÁFRICA.

Na ÁFRICA, no antigo EGBADO (hoje YEWÁ), o rio YEWÁ é onde “habita a deusa”, mas sua origem e culto são muito mais profundos. Podemos ver que OXUMARÉ, NANÁ, OMOLU e IROKO, assim como YEWÁ, eram adorados incialmente entre os MAHI e foram assimilados e insertados pelos YORUBÁS em seu panteão. Porém, muitos dizem e argumentam que YEWÁ já pertencia aos LUKUMIS e que desta forma chegou a ABEOKUTÁ.

É obvio que os KETÚ, os OYÓ, os EGBADÓ e os ANAGÓ tiveram um contato mais próximo com os povos de terras ARARÁS (DJEDJE), já que estes eram os povos com maior contato por conta da fronteira.

Para os ARARÁS (DJEDJE) é um VODUN feminino da família do grande VODUN DAMBIRÁ.

Nasce para ser o símbolo de pureza e da beleza dos deuses dahomeanos. Desde seu nascimento até sua fase adulta, YEWÁ é mantida no Culto de DAN, onde representa a franja branca do arco íris. De DAN é precisamente de quem recebe o poder da vidência, a riqueza e todos os corais marinhos.

Desta maneira, pelos ARARÁS, YEWÁ passa a ser considerada pelos demais VODUNS como símbolo da virgindade e da pureza.

Em CUBA sabemos que YEWÁ nos chegou por parte dos EGBADOS e que estes foram os que expandiram e conservaram o Culto a esse ORIXÁ.

YEWÁ é uma das deidades que nos chegou por intermédio dos EGBADOS e sendo MA MONSERRATE GONZÁLEZ (OBA TERO) um dos principais pilares da expansão de seu Culto na Ilha de CUBA. Com os EGBADO chegaram muitas deidades, sendo as principais ODUDUWÁ, OLOKUN e YEWÁ. Esta pode ser uma das causas pelas quais foram preservadas as crenças EGBADO sobre os Cultos OYÓ. Na Tradição EGBADO, YEWÁ é filha de OBATALÁ e ODUDUWÁ, irmã de OYÁ e ÓBBA NANI e companheira de BABALU AYÉ (AZOWANO).

Por ele há uma consideração pessoal, que apesar de WILLIAM BASCOM assegurar que em IFÉ YEWÁ é a contração de YEYÉ=Mãe e WÁ=Nossa, ou seja Nossa Mãe, em particular nos parece mais lógico o fato de que YEWÁ seja a contração de IYÁ=Mãe e WÁ=EWÁ ou Mãe EWÁ tal como chamam os YORUBÁS os VODUNS e ORIXÁS femininos os quais lhes dão o respeito e carinho de IYÁ: “Mãe”.

YEWÁ tem uma imagem taciturna e até descomunal, pois representa a solidão, a contenção dos sentimentos, a castidade feminina, a virgindade, a esterilidade e a transição da alma para o mundo espiritual. Assim é uma ORIXÁ ligada a morte e a vida, por consequência. É proprietária da escuridão e do próprio nevoeiro.

 

Ifá Ni L’Órun