No início da criação de IFÁ, se preparava o saber e conhecimento que formariam a mente humana. OLÓFIN junto a ODU (IGBA ODU) entregou o poder astral a cada um dos 256 Odús de IFÁ, determinando que cada Odú de acordo com sua essência (virtudes e defeitos) transmitissem a seus filhos na terra a força e ASHÉ capaz de ajudar seus filhos a resolverem seus conflitos na terra por si só.
Entre eles (256 Odús) havia um que se destacava por sua inteligência graças a virtude transmitida de seu superior. O mesmo era vaidoso, tinha um grande desejo de mostrar suas habilidades a fim de ser reconhecido e ser superior a OLÓFIN e os demais Odús. Este se chamava OBARA KASIKÁ ASHÉ TOLUWÁ OLÓFIN que era por mandado de OLÓFIN, o responsável por realizar os preparativos de cada Odú que baixariam a terra, que levariam com eles as virtudes, os defeitos, as dificuldades, as resoluções de cada um dos seres humanos que viveriam na Terra.
Essa liberdade, privilégios e poder que OLÓFIN deu a OBARA KASIKÁ, ao mesmo tempo fez com que se sentisse autossuficiente ao ponto de renegar suas funções diárias que OLÓFIN havia lhe recomendo com os Odús, levando o mesmo a criar uma reunião pelas costas de OLÓFIN com os Odús outorgando-lhes ele mesmo a função que cada um teria na consagração de IFÁ (consagração no Igbodu) na terra, renegando a presença de OLÓFIN (IGBÁ ODU) e os desígnios de sua existência.
Mesmo tendo ignorado e traído OLÓFIN nesta reunião com objetivo de criar um motim, ESHÚ que estava observando todas as manobras ocultas feitas por OBARA KASIKÁ contou tudo a SHANGÓ. SHANGÓ indignado foi em direção a Ilé Orun (céu) e contou tudo a OLÓFIN. Eles então se prepararam para assistir a rebelião liderada por OBARA KASIKÁ. Quando o mesmo estava realizando a reunião com os Odús, sendo que para ele seria um brilhante golpe em OLÓFIN, apareceu na porta do Igbodu, ESHÚ, SHANGÓ e OLÓFIN surpreendendo a todos. Quando as deidades viram, se jogaram imediatamente aos pés de OLÓFIN, onde o mesmo foi levantando um a um e proferindo as palavras: Deixaram-se guiar por aquele a que outorguei minha confiança e inteligência e se rebelaram contra o que OLODUMARÉ tinha designado para o bem da terra, me ignoraram como o criador de todos vocês, mas saibam que para sempre e irremediavelmente, terão sempre que contar com minha presença.
Dirigiu-se a OBARA KASIKÁ e disse: “O título que te dei onde era meu filho preferido ASHÉ TOLUWÓ OLÓFIN (aquele que faz a vontade de OLÓFIN) por castigo será dividido em partes iguais entre todos os Odús de IFÁ. Conservarás a inteligência que te dei, mas não te servirá de nada e não terá ASHÉ nem privilégios tanto na terra quanto no céu”.
Após as palavras de OLÓFIN, SHANGÓ agregou: “Como foi meu filho OBARA KASIKÁ quem deu início a rebelião na qual todos seguiram sem exceção, eu desejo que o senhor OLÓFIN permita que se cumpra minhas palavras : Que cada Odú que baixe à Terra, principalmente OBARA KASIKÁ, desça com minha maldição, todos que receberem suas ajudas tornem-se seus inimigos no final, que sempre receba a ingratidão do bem que façam ao próximo, no final, todos aqueles que necessitarem de suas ajudas se convertam em seus inimigos, inclusive seus filhos”.
Então OBARA KASIKÁ, como todos os Odús que desceriam à Terra deveriam passar por um Ebó, para se limpar do pecado que haviam cometido, e assim, chegar à Terra com ORUNMILÁ.
Este signo adverte que é imprescindível a presença de IGBÁ ODÚ na consagração de outros AWÓS.
Porque alguns sacerdotes recebem ingratidão daqueles que ajudam, e seus filhos tornam-se seus inimigos após receberem ajuda.
Ifá Ni L’Órun