NANÁ BURUKU

 

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OBALUAYÉ, AS TERRAS ARARÁ (DAHOMEY, DJEDJE) E NANÃ BURUKU

BABALUAYÉ é um ORISHÁ muito poderoso e forte, mas vivia sem filhos, sem família e como todo homem, necessitava de uma mulher. Foi então que ele se deitou com DADA BANANI e como sua enfermidade não tinha curado totalmente, ele a enfermou e a ferida começou a apodrecer no meio da cabeça dela e como ela tinha um cabelo muito comprido, cobria a ferida com uma trança. Até que um dia ESHÚ ouviu uns gemidos e se dirigiu até o lugar de onde partiam esses gemidos, encontrando com DADÁ, que era quem se queixava e viu que DADÁ tinha uma ferida no meio da cabeça. Então foi até onde estava AGANJÚ, o irmão mais velho de DADÁ e de SHANGÓ e lhe contou o que viu na cabeça dela.

Então, AGANJÚ mandou buscar DADÁ e ela ao ir ao encontro dele este lhe perguntou por que se queixava e o que tinha na cabeça? Ela lhe disse toda a verdade e este, indignado com BABALUAYÉ, mandou buscá-lo. Então AGANJÚ perguntou a BABALUAYÉ se era certo tudo o que ele havia sido inteirado a respeito de sua irmã. BABALUAYÉ não negou nada e então AGANJÚ, como era Rei dessa terra, não deu mais remédios a BABALUAYÉ, que teve que abandonar o território que AGANJÚ governava e sem saber para onde ir e como foram confiscados todos os seus bens e fortunas, BABALUAYÉ saiu nada mais nada menos que com as roupas que tinha no corpo. Caminhando sem rumo, com muita dificuldade, foi muito longe da terra onde ele viu a luz pela primeira vez. BABALUAYÉ chegou a um lugar onde encontrou um rio lindo e ali ficou para saciar sua sede e descansar e como ali quase ninguém passava, ele gostou do lugar e ele mesmo colocou o nome daquela terra de ARARÁ (Dahomey, Djedje). E assim se chama aquele rio e aquela terra até hoje. Aquele lugar perdeu a forma de falar como os LUKUMIS (Yorubás posteriormente) e adquiriu, pelo tempo que ele esteve naquele lugar, uma linguagem distinta, a de seu povo natal.

BABALUAYÉ ficou sozinho até que um dia apareceu uma mulher no rio e ela parecia que havia acabado de se banhar. BABALUAYÉ se aproximou e perguntou a ela como se chamava e ela respondeu:

– Sou NANÁ BURUKU da terra TAKUÁ e cheguei até aqui porque acabei de me separar de meu marido OGUN por um desgosto que houve entre nós. NANÁ BURUKU então se torna esposa de BABALUAYÉ. Os dois, BABALUAYÉ e NANÁ BURUKU fundaram ali seu primeiro povo. Portanto, esse pataki prova que NANÁ não era mãe de BABALUAYÉ, pois tinha vindo das terras de TAKUÁ e BABALUAYÉ das terras LUKUMIS (Yorubás), sem ter qualquer relação anterior a isso. A mãe de BABALUAYÉ é NANU.

 QUEM É NANÃ BURUKU

NANÁ BURUKU é um Osha que se lhe atribui poderosa espiritualidade desde a antiguidade. É originária da terra TAKUÁ e se muda para a terra ARARÁ (Dahomey, Djedje), onde conhece BABALUAYÉ e se torna sua esposa.

Sabe-se que este Osha pertence à família de ODUDUWÁ e OLOKUN. NANÁ vive debaixo d’água e ao mesmo tempo na terra, mas se conhece como Mãe D’água, lagoas, rios, olhos de água, represas, poços, enfim Mãe da Água Doce. NANÁ BURUKU é o Osha da garoa, chuvisco, do lodo, mediadora entre a vida e a morte. Seu culto é de procedência FON, ASHANTI e ARARÁ (Dahomey, Djedje), sobretudo do território MAHI. Seu nome provém do Yorùbá NANÁ BURUKU (Naná: Grande Mãe ou Avó – Burukú: Maldade). A NANÁ se lhe oferecem animais como a qualquer outro Osha, entretanto não se cortam com armas de metais, como facas, facões, navalhas, etc, e sim com ferramentas feitas de cana brava, pois teve um grande enfrentamento com o então seu marido OGUN e nem esse favor ela quer dever a ele.

Diz-se que NANÁ BURUKU é a mãe de YALODÉ, porque ela é a mãe de todas as águas doces. O colar ou eleke de NANÁ BURUKU leva contas brancas, por conta de ODUDUWÁ, caracóis e pedra sabão por conta de OLOKUN.

NANAÁ BURUKU se recebe junto com BABALUAYÉ. Na cerimônia de entrega se coloca seu receptáculo sobre um triângulo pintado no piso com Osun e coberto por folhas de tabaco; se recebe seu cetro chamado Ibirí e seu colar. Saúda-se: MAFEREFUN NANÁ, SALUBA!

 

Ifá Ni L’Órun