PATAKI
Na terra ABEYAMI vivia um AWÓ LERI IFÁ que não tinha conhecimento de nada de IFÁ, mas sim tinha uma grande ambição por fazer algo.
OBATALÁ lhe havia dado seu ASHÉ, mas sempre o aconselhava para que adquirisse conhecimentos para que um dia ele não perdesse sua sorte e o ASHÉ que ele havia lhe dado.
Muitos ALEYÓS visitavam a casa desse AWÓ, pessoas de distintas partes do território no qual vivia e o AWÓ LERI IFÁ fazia seus trabalhos de acordo com as necessidades de cada um. Porém quando esses ALEYÓS terminavam tudo, iam embora e não voltavam mais e AWÓ LERI IFÁ não se preocupava com eles, porque sempre vinham novos ALEYÓS que sempre traziam ABEYAMI LADÉ IFÁ.
Esta era uma OBINI (mulher) que todo mundo tinha muita fé e admiração, porque ela cantava muito bonito.
ABEYAMI LADÉ IFÁ era filha de SHANGÓ e para atrair os ALEYÓS até AWÓ LERI IFÁ, ela se punha a cantar e a sorrir:
“ABÉ LELÉ AWÓ AFEFÉ LORUN ABELELÉ
AWÓ AFEFÉ LORUN ABELELÉ MOYARÉ ABELELÉ
AWÓ AFEFÉ LORUN AWÓ MEDIMO OLÓFIN BIASÉ”.
OLÓFIN gostava do canto de ABEYAMI LADÉ IFÁ e este dava muito ASHÉ para ela. O que ela dizia as pessoas da terra ABEYAMI era o que eles faziam. Quando ABEYAMI LADÉ IFÁ fazia sua cerimônia, sempre colocava muitas penas ou JUJU. Estas penas eram de ABEBO ADIÉ FUN FUN.
Na terra ABERENI LORUN viviam OLÓFIN, ELEGUÁ e SHANGÓ. Um dia OLÓFIN chamou a ELEGUÁ e a SHANGÓ e lhes disse que fosse ver o que estava fazendo AWÓ LERI IFÁ. SHANGÓ e ELEGUÁ se disfarçaram e quando chegaram ao povo de AWÓ LERI IFÁ, SHANGÓ disse a ELEGUÁ que fosse a casa de AWÓ LERI IFÁ para se consultar com ele, para ver de que maneira ele se desenvolvia.
AWÓ LERI IFÁ não conhecia ELEGUÁ e ao consultá-lo começou a dizer-lhe muitas mentiras, enquanto ELEGUÁ permanecia calado. Quando ELEGUÁ terminou de comprovar que este não sabia nada, foi para onde o esperava SHANGÓ e lhe explicou como era a situação de AWÓ LERI IFÁ, o qual era afilhado de ORUNMILÁ.
Então ambos saíram para a casa de ORUNMILÁ e quando lá chegaram, renderam MOFORIBALÉ (reverências) a ele e depois SHANGÓ disse:
“Vim aqui falar de minha filha ABEYAMI LADÉ IFÁ, porque esta está ajudando a AWÓ LERI IFÁ, que não conhece nada de nada e deve buscar uma maneira de aprender IFÁ.
ORUNMILÁ explicou a SHANGÓ e a ELEGUÁ que AWÓ LERI IFÁ tinha ASHÉ de OLORUN, ao que SHANGÓ respondeu que isso não importava, porque a sorte que ele tinha era por um tempo e que para todas as outras coisas da vida havia que buscar a segurança na sabedoria e não no ASHÉ que lhe foi dado e por isso tinha de aprender.
ORUNMILÁ disse a SHANGÓ: “É verdade, é verdade! Tu tens razão! Então SHANGÓ disse: “Bem, para que ele aprenda temos que prender a minha filha por 7 (sete) anos sem sair à rua.
Enquanto ELEGUÁ, que era quem cuidava e entretinha a ABEYAMI LADÉ IFÁ, contava-lhe histórias, SHANGÓ foi par a terra ABEYAMI e parou na entrada do povoado e para todos que chegavam para ir à casa de AWÓ LERI IFÁ, ele dizia que o AWÓ LERI IFÁ estava enfermo da LERI (cabeça) e que por dita enfermidade havia perdido a memória, não se lembrando de nada.
Em pouco tempo, vendo AWÓ LERI IFÁ que tudo estava interrompido e as coisas não lhe saiam bem como antes, pois tudo lhe eram contratempos e não podia resolver nada, inclusive ABEYAMI LADÉ IFÁ não vinha mais. Então decidiu ir à Casa de Orunmilá.
Quando saiu para ir à casa de ORUNMILÁ, o primeiro que encontrou foi SHANGÓ e lhe contou tudo o que estava passando. SHANGÓ disse: Veja bem, minha filha está escrava e tudo o que tu tens foi por conta dela. Tu tens que aprender IFÁ na Casa de ORUNMILÁ, ali te espera ELEGUÁ, vamos! ”
Quando chegaram encontraram com ELEGUÁ e com ABEYAMI LADÉ IFÁ. SHANGÓ e AWÓ LERI IFÁ deram MOFORIBALÉ a ORUNMILÁ e este disse a AWÓ LERI IFÁ: “Isto aconteceu contigo porque tu não tens aprendido IFÁ e tudo o que tu és sido e feito é por conta do grande ASHÉ que tem ABEYAMI LADÉ IFÁ. Nesse momento também disseram SHANGÓ e ELEGUÁ: “Nós te acompanharemos para que tudo saia bem”.
E assim, desta forma EFEFÉ LEKUN, mandado por OLÓFIN deu o saber e a sorte a AWÓ LERI IFÁ.
To Iban Eshu!
Ifá Ni L’Órun