Como bem a palavra é conhecida, o “TRONO” é o lugar onde se sentava o REI de uma nação para ser contemplado por seus súditos ou para as festas e celebrações, com tecidos e assentos de luxo junto com sua RAINHA. Na RELIGIÃO YORUBÁ ou REGRA DE OSHA LUKUMI como comumente é conhecida, esta definição de TRONO não é muito distinta, já que em nossa cultura os ORISHÁS são os REIS por natureza que estiveram em algum momento na Terra.
Já que agora sabemos qual é a definição da palavra, qual é o verdadeiro significado do mesmo? Quando uma pessoa coroa ORISHÁ (faz santo) KARI OSHA ou YOKO OSHA, seu nascimento é realizado dentro de um quarto sagrado com muitíssimas coisas, entre elas um TRONO com tecidos de cor categórica do ORISHÁ em questão (como por exemplo, OSHÚN – amarelo, YEMANJÁ – azul, OBATALÁ – branco, OYÁ – marrom ou vinho tinto, SHANGÓ – vermelho, etc.) adornos, flores, luzes, etc. Cabe destacar que isso varia de acordo com as possibilidades de cada um. Não pode faltar uma esteira no chão, mas o importante não é o adorno em si e sim o significado e sacramento que isso tem, e no caso do YAWÓ que está nascendo, se está celebrando o nascimento de um REI.
No dia do meio, o segundo dia, familiares e amigos vão ver o YAWÓ com seu traje de gala e sentado no TRONO, do qual não se pode sair até finalizar seus 7 (sete) dias, parte de seu resguardo.
O TRONO tem grande importância no nascimento de um YAWÓ, já que nele se realiza o adosho para o nascimento do ORISHÁ.
De igual forma, cada vez que se cumpre um ano (ODÚ KODUN), quer dizer, cada vez que passa um ano desta data de nascimento desse YAWÓ, o mesmo deve preparar um TRONO, segundo suas possibilidades e gosto estético dos OLOSHAS ou BABALAWÓS para seus ORISHÁS, que se colocam dentro do mesmo de forma hierárquica dentro de suas sopeiras ou receptáculos, já vestidos igualmente com tecidos ou com outros implementos para demonstrar que estão em festa, evidentemente que é uma data especial. Colocam-se frutas, ADIMÚS, máscaras, colares, coroas, idés, etc, para homenagear os mesmos.
O OLOSHA recebe visita, tanto de religiosos, como ALEYOS (pessoas não iniciadas) que vem com o fim de celebrar esta data, compartilhar em família e amigos, trazer oferendas ao ORISHÁ e saudar o OSHA ALAGBATOBI (orishá da pessoa), tocando os ASHERÉS ou AGOGÓS para pedir e agradecer o ORISHÁ.
A ação de saudar, também conhecida como “atirar-se ao chão” (MOFORIBALÉ), porque a pessoa que saúda se atira ao chão de uma forma particular, tem reminiscências africanas, já que ali os ORISHÁS eram considerados REIS e esta era a saudação ritual que se faziam para a nobreza.
Coloca-se uma cuia com água, todos os ASHERÉS, AGOGÓS e um prato onde as pessoas que visitem e queiram, coloquem algum dinheiro em representação de que este seja multiplicado e em respeito ao sacrifício do padrinho para que assim o ORISHÁ da pessoa lhe abençoe.
Devemos levar em conta que nem todos os TRONOS são realizados com tecidos, pois também existem TRONOS de mata, como é o caso específico dos ORISHÁS guerreiros ELEGUÁ, OGUN e OSHÓSI.
Às vezes esta celebração vem acompanhada por tambores ABERIKOLA ou AÑA BATÁ, em que se toca no TRONO músicas (SUYERES) religiosos para que os OLOSHAS possam dançar.
Cabe ressaltar que o TRONO não é só do OLOSHA, mas também se realiza em IFÁ pelos BABALAWÓS para renderem MOFORIBALÉ a ORUNMILÁ e nele os BABALAWÓS vão e saúdam de igual forma.
Devemos recordar que isso é realizado única e exclusivamente para homenagear os ORISHÁS e não às pessoas.
Uma vez armado o TRONO, dá-se OBI (OBI OGBON) coco a cada ORISHÁ para ver se está em conformidade com as oferendas e para saber como foi o ano transcorrido do religioso, se foi uma pessoa com valores e cumpriu todas as normalidades estabelecidas ou não, isso é realizado por alguns dos padrinhos do mesmo ou algum maior em representação dos BABA TOBI e se darão os conselhos necessários a serem cumpridos.
Ifá Ni L’Órun