Quando OBATALÁ entregou o governo a SHANGÓ, como este era jovem, ninguém o queria respeitar nem considerar e todos os dias havia alguém que ia fazer queixas de SHANGÓ para OBATALÁ.
OBATALÁ chamava SHANGÓ e lhe dizia, já que OBATALÁ, por ser quem era, nunca ficava de rodeios para dizer as coisas. Tantos foram os falatórios que um dia SHANGÓ disse a OBATALÁ:
“BABA porque todos os dias alguém vem falar de mim para o senhor e nada disso que lhe dizem é verdade? ”
Mas OBATALÁ, que conhecia a seriedade de SHANGÓ disse a ele:
“Meu filho, eu queria que tu fizeste uma comida para todos os meus filhos e para mim, queria te fizeste ou cozinhaste o que há de melhor no mundo”.
SHANGÓ fez a comida para os filhos de OBATALÁ, tal como ele havia pedido e fez para OBATALÁ língua de vaca. Ao que OBATALÁ disse:
“SHANGÓ, língua é a melhor comida do mundo? Disse SHANGÓ:
“Sim BABÁ, um bom ASHÉ é o melhor do mundo”.
Passou um tempo e OBATALÁ voltou a dizer a SHANGÓ que fizesse uma comida para seus filhos, mas que agora fizesse o que há de pior no mundo para se comer. SHANGÓ cozinhou para ele outra vez uma língua de vaca e OBATALÁ lhe disse:
“SHANGÓ, se da outra vez me fizeste o mesmo e me disseste que era o melhor que havia no mundo para se comer, por que fizeste o mesmo como o pior? E SHANGÓ respondeu:
“BABÁ uma boa língua salva um povo, mas uma má língua pode ser a perdição do mesmo”. E OBATALÁ lhe disse:
“Tens razão SHANGÓ.
É por isso que tu vês todos os dias dizerem algo de ti e precisamente isso te fará o maior, porque o dia que não te mencionarem, ou por bem ou por mal, tu deixarás de ser SHANGÓ”.
Ifá Ni L’Órun