A espiritualidade da REGRA DE OSHA LUKUMI é hoje conservada em muitos países do mundo e de uma forma bem especial na VENEZUELA, CUBA, MÉXICO, COLÔMBIA e toda a AMÉRICA LATINA. Nela há a maior preservação, devoção e respeito aos antepassados e ORISHÁS. As rezas se materializam unicamente mediante ao emprego do uso dos ADIMÚS (comidas e oferendas), EBÓS (sacrifícios), cantos e danças. IWÓROS (sacerdotes) tem o sagrado dever de proclamar, proteger, preservar e reafirmar sua fé ante o mundo.
Quando falamos do Culto “OSHA IFÁ YORUBÁ” com suas origens nigerianas ancestrais tradicionais, identificamos em CUBA a religião “REGRA DE OSHA LUKUMI”, hoje existente em todo mundo.
Há outras culturas pelo mundo que se originaram também da ÁFRICA como os ARARÁS em CUBA, SANGÓ em TRINIDAD TOBAGO, VOODUN no HAITÍ e o CANDOMBLÉ no BRASIL, porém com tradições diferentes.
A denominação REGRA DE OSHA LUKUMI é de origem afro-cubana. O Culto tem suas raízes nos YORUBÁS da ÁFRICA OCIDENTAL, mas sua antiguidade se remota às primeiras dinastias egípcias que se radicaram na NIGÉRIA através da comunicação entre o rio Nilo com o rio Niger.
Estudar esta RELIGIÃO e o CULTO da etnia LUKUMI (YORUBÁ) é ter novos e esclarecedores elementos para compreender de uma maneira mais profunda e real um complexo mitológico, inicialmente animista por sua crença que afirma que todo ser natural está vivificado por um espírito. Também é um RELIGIÃO monoteísta porque reconhece um só DEUS, criador de tudo o que existe chamado no idioma YORUBÁ por “OLODUNMARÉ”, com influências politeístas, entre elas seu Culto a OLORUN (sol) e aos diversos ORISHÁS e DEIDADES (Orishás mais antigos), mensageiros de DEUS, considerados como protetores dos seres humanos.
A missão das DIVINDADES tem sido acompanhada de signos ou ODÚS destinados a autenticar e justificar suas mensagens. (Há muitos ORISHÁS cujo rastro quase desapareceu da memória dos praticantes).
A REGRA DE OSHA LUKUMI é uma doutrina anticlerical, que tem permanecida no hermetismo (reservada a poucos) durante séculos. Representa uma marca profunda e viva de um povo religioso YORUBÁ.
Quando o escravo YORUBÁ chega a CUBA, nada material pode trazer consigo, mas trouxe consagrações realizadas em seu “LERI” (cabeça), poderes que viviam em seu interior e seus ensinamentos que permitiram que reconstruísse no NOVO MUNDO o seu Culto Africano, sobrevivendo, porém, ao entorno da Igreja Católica que proibiu qualquer manifestação cultural, social ou religiosa YORUBÁ, obrigando o “mascaramento” de suas divindades nos ritos católicos.
A REGRA DE OSHA LUKUMI tem seus ORISHÁS. Os sacerdotes têm um fluído magnético e radial poderoso, materializado em múltiplas consagrações realizadas no NOVO MUNDO, graças aos YORUBÁS quem realizaram a transferência oral de seus conhecimentos religiosos, posteriormente passando a serem escritos e assim trouxe como consequência com o passar dos anos, uma nova trama linguística em suas respectivas liturgias, mas nunca uma nova liturgia em sua essência.
Existem diversos “TRATADOS” sobre o que está bem ou mal dentro de “OSHA IFÁ”, que os OLUWÓS, BABALAWÓS, OBÁS, ORIATÉS e IWORÓS devem respeitar porque são REGRAS comuns onde primam conceitos elevados de comportamento e ÉTICA RELIGIOSA que se aplica igualmente a qualquer indivíduo religioso, não importa sua origem étnica, racial ou cultural. AS REGRAS, NORMAS e o CÓDIGO ÉTICO de OSHA IFÁ estão explícitas em sua LITERATURA. Esta é válida em qualquer parte do MUNDO.
As DIVINDADES do PANTEÃO YORUBÁ transmitem sua profecia personalizada através de um sistema metodológico numérico chamado “MERINDILOGUN” ou “DILOGUN”, utilizando a leitura dos “CAWURIS” (búzios) com respostas globais e oportunos conselhos, onde a boca natural dos caracóis são a sua referência.
Os ORISHÁS nos transmitem uma sensação de paz e harmonia. Podem adivinhar o passado, o presente e influenciar em seu futuro, já que nos advertem para os perigos, negatividades da vida. Tem o poder de OLÓFIN (DEUS) para poder mudar o revés humano.
O “IWORÓ” procede de acordo com os princípios e crenças afro-cubanas, a narração do PATAKI (história, fato) referente ao ODÚ e estabelecerá uma relação entre os fatos narrados e os problemas que possa ter a pessoa que se consulta, sem exaltar seus dotes clarividentes.
Nas atividades religiosas da doutrina “REGRA DE OSHA”, só pode ser oficiante os OLORISHÁS (OMO ORISHÁS) que tenham sido CONSAGRADOS na REGRA DE OSHA LUKUMI.
São sacerdotes ou sacerdotisas com “SANTO EM SEU LERI (cabeça), dentro das REGRAS DE OSHA LUKUMI, encarregados de manter esses REGRAS e RITOS que caracterizam o CULTO, sendo identificados segundo sua hierarquia religiosa de maior a menor:
ORIATÉ OU OBÁ, BABALOSHAS ou IYALOSHAS, IWORÓS (adeptos consagrados na Regra) e IYAWÓS.
O ORIATÉ ou OBÁ passou pelas consagrações que se indica no ODÚ de IFÁ “IRETE KUTAN” e disfruta de grande reputação. Deve possuir quase todos os OSHAS.
Há morte e renascimento em nossa religião: O ODÚ “OYEKUN MEJI” explica a morte física “IKÚ” que põe fim a vida terrenal e a alma “ORÍ INÚ” se apresenta diante de DEUS “OLODUMARÉ”, esta pode reencarnar na filosofia YORUBÁ, por desígnio de DEUS, regressando assim a terra “AYÉ”.
Nossos mortos “EGUN ou EGUNGUN” são os ancestrais que vivem no muito além vida “ARÁ ONU” e todos se apresentam ante DEUS, quem com suas leis, brinda outros ciclos de vida terrenal até que cada qual possa completar o mandado de DEUS.
RELIGIÃO YORUBÁ ANCESTRAL ou REGRA DE OSHA LUKUMI representa as ENERGIAS ESPIRITUAIS.
A REGRA DE OSHA LUKUMI está interligada com ORUNMILÁ IFÁ. Os OLUWÓS têm uma consagração adicional de ORUNMILÁ. É uma congregação religiosa que não faz OSHA, entrega aos devotos “MÃO DE ORUNMILÁ” – Iniciação em Ifá onde a pessoa toma conhecimento de sua vida, seu destino e seu ORISHÁ TUTELAR (chamado IKOFÁ quando é mulher ou AWÓFAKAN quando é homem) e diversas divindades de IFÁ (OSSAIN, OLOKUN, ORO, ORÍ, ODÉ, ODUDUWÁ, etc) e entre outras funções religiosas se reúnem em um grande “CONSELHO” sempre em princípios de janeiro, com a finalidade de apresentar publicamente a “LETRA DO ANO”. Suas previsões se cumprem inexoravelmente.
Hoje, em pleno século XXI, há consagrados na REGRA DE OSHA LUKUMI profanadores da religião e tentam burlar regras e dogmas para o seu bel prazer.
Entretanto há outros muitos IWORÓS que lutam infatigavelmente por manter íntegra a REGRA AFRO-CUBANA, com uma ortodoxia que os identificam como OLOSHAS de respeito e consideração na REGRA DE OSHA.
Um sistema religioso que tem conseguido chegar até o século XXI desde a remota antiguidade e desde quando chegou em CUBA por volta de 1532. Tudo isso implica autodisciplina e uma educação e compromisso com os ORISHÁS, com a RELIGIÃO e com todos os nossos ANCESTRAIS que trouxeram até nós essa linda RELIGIÃO.
Ifá Ni L’Órun