Era um tempo em que OBATALÁ vivia com YEMANJÁ matrimonialmente e viviam sós e sempre estavam tristes porque seus filhos estavam soltos pelo mundo.
AYAEDUN (o macaco) que era filho de OBATALÁ, ninguém o considerava e andava pelo mundo passando muitas dificuldades e OBATALÁ teve compaixão deste e o acolheu no seio de seu lar. O macaco pouco a pouco foi ganhando a confiança e o carinho de OBATALÁ e YEMANJÁ.
OBATALÁ comprou-lhe roupas novas e o vestiu para que ele ficasse como uma pessoa e sempre andasse vestido e ele era quem esperava as visitas que OBATALÁ e YEMANJÁ recebiam, e todos os que antes não o consideravam, começaram a respeitá-lo.
Na hora das refeições sagradas, o macaco tinha seu lugar onde estavam OBATALÁ e YEMANJÁ. Assim, dadas essas importâncias, o macaco foi se achando importante também e começou a pensar diferente, e disse: “Esses dois sem mim, não são nada”.
Um dia estavam em uma de suas refeições e OBATALÁ pediu ao macaco que lhe alcançasse o pão, onde o macaco lhe disse que ele mesmo pegasse, pois quando os reis comiam, não se lhes deveria incomodar. OBATALÁ se surpreendeu com a resposta do macaco e exigiu dele. O macaco então revidou a OBATALÁ e este se retirousa. Então o macaco foi para cima de YEMANJÁ com a intenção sexual.
YEMANJÁ que em várias ocasiões havia surpreendido o macaco espionando ela e OBATALÁ em seus momentos íntimos, correu e pegou uma corrente que ela tinha e atingiu o macaco na cabeça, o fazendo desfalecer. Aproveitou para ir até a casa de ORUNMILÁ que na aquela terra se chamava AWÓ LAMU REGUN. Este lhe fez um OSODE (consulta com IFÁ) e lhe disse: “Aquele que nasceu para ser macaco, macaco é e macaco será”. Então lhe disse: “Dá-me tua corrente”…a preparou e lhe disse: “Aproveita agora e leve esta corrente a OBATALÁ e volte a fazer outra refeição com o macaco e lhe deem muito OTI (bebida alcoólica) e quando este estiver caindo de bêbado, coloquem a corrente e o prendam, pois não lhe convém entrar em guerra com ele, porque ele sempre vai lhes ganhar, pois se ele os morder, vocês podem se enfermar pelo sangue”.
Eles seguiram os conselhos de ORUNMILÁ e quando o macaco estava bêbado, colocaram a corrente no pescoço e o fizeram escravo e o trancaram atrás das grades e todos os que vinham, riam vendo-o trancado e acorrentado daquela forma. Assim o macaco perdeu o seu poder e voltou a ser o que era, um simples macaco, por não saber agradecer a ajuda que lhe tinham dado OBATALÁ e YEMANJÁ.
Desde então o macaco vive trancado (quando vive entre os homens que são filhos de OBATALÁ e YEMANJÁ na Terra).
Ifá Ni L’Órun