OLÓFIN UM ASSASSINO? OU UM SALVADOR?

PATAKI:

Havia um tempo em que as aves começaram a levantar calúnia sobre a conduta de OLÓFIN. Diziam que OLÓFIN era um assassino, um desrespeitoso, um imoral, pois sempre realizava sacrifícios.

Então se juntaram todas as aves de rapina, o gavião, o falcão, o abutre, o carcará, a coruja, etc. Fizeram uma reunião para não mais visitarem a OLÓFIN, porque diziam que havia muitos crimes na porta da casa dele, e a porta de sua casa estava sempre suja de sangue.

Todas as aves de rapina foram a uma encruzilhada entregar uma oferenda para ESHÚ e disseram a este que espiasse para ver o que OLÓFIN estava fazendo.

E assim o fez. ESHÚ viu uma poça de sangue atrás da porta. Foi até a esquina e disse a seus amigos o que tinha visto e por este motivo seguiram falando mal da conduta de OLÓFIN.

Numa manhã OLÓFIN percebeu o que acontecia e realizou um sacrifício em frente ao portal de seu castelo.

Na esquina estava a pomba, que se dirigia para a casa de OLÓFIN. Rapidamente todas as aves de rapina correram para dizer a pomba que não fosse, porque OLÓFIN era um assassino, pois matava os animais no meio da porta. E DISSERAM: Tenha cuidado POMBA, para que ele não te mate também.

A pomba disse: “de todas as formas eu vou à casa de OLÓFIN” e continuou o seu caminho. Quando chegou ao castelo de OLÓFIN e entrou, caminhou sobre o sangue e disse a OLÓFIN que ela tinha ido vê-lo, mas que seus amigos os gaviões, corujas e inclusive o abutre, lhe haviam dito que não fosse porque ele era um assassino, mas que ela não acreditava nas especulações, pois sabia que isso não era verdade.

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Então OLÓFIN explicou à pomba que ele não matava ninguém e se sacrificava animais era para a salvação de todos eles, porque se não fizesse assim, todos definhariam na Terra. E você pomba que manchou suas patas com sangue, enquanto o mundo seja mundo, terás as patas vermelhas por saber caminhar e analisar os fatos com sabedoria e não por influências inescrupulosas e viverás aqui em minha casa. Não te faltará comida e terás filhos que levarão mensagens minhas a quem as necessite.

Então OLÓFIN mandou a pomba com um cesto onde levava restos dos animais que ele havia sacrificado e que jogasse tudo na esquina onde viviam todas aquelas aves de rapina. Assim fez a pomba e voltou à Casa de OLÓFIN.

Somente a parte boa dos animais, como os ASHÉS, estavam bem preparados na casa de OLÓFIN. Formou-se então um alvoroço entre as aves de rapina, os répteis e inclusive ESHÚ, que foram comer tudo aquilo que estava ali na esquina. Então a pomba, que estava esperando que todos terminassem de comer, lhes disse: Ouçam todos: Quem lhes deu a comida? Nós não sabemos, as vimos aqui e estava tão saborosa que nós a comemos, porque tu não vieste comer conosco?

Não, porque eu tenho a minha na casa de OLÓFIN. E agora que conceito vocês têm de OLÓFIN? Por que pergunto a vocês? Porque ele não é nenhum assassino como vocês dizem, porque essa comida que vocês comeram ele a mandou para vocês. Então também vocês mataram, porque comeram parte do sacrifício que ele fez.

E assim todas as aves de rapina compreenderam porque OLÓFIN sacrifica animais.

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To Iban Eshu

Nota: Esse ODÚ explica porque que os caluniadores distorcem tudo o que veem e criam situações contrárias ao próprio entendimento, quando pretendem denegrir a imagem de alguém em benefício próprio ou, quando necessitam desviar de si a culpa por um erro, exaltando calúnias de outros no intuito de justificar suas ações negativas e que somente se unem aos mesmos àqueles que têm a mesma finalidade.

Esse Odú explica porque as pessoas de baixo nível de caráter e imaturidade enxergam e analisam a vida de um ângulo negativo. Olham sempre o lado ruim das situações, vivem em universo de especulações, fofocas, onde constroem suas fantasias neuróticas mentais desconfiando de tudo. Todos querem roubar, todos invejam, todos tramam, todos são mentirosos, querem acreditar que estão sendo perseguidos no objetivo de sanar suas carências familiares e afetivas, dando a si mesmo uma importância que na verdade não tem.

Todo esse descontrole e oscilação emocional é devida a fraqueza interior desses indivíduos que mudam de ideias e a direção de suas vidas constantemente por especulações ou, em busca do tesouro perdido, mas juram de pé junto que são seres de personalidade firme. Repetem isso em todos os discursos demonstrando que nem eles mesmos acreditam nisso. (O caráter das aves as fazia enxergar tudo pelo lado negativo).

Esse caminho também explica que é uma ignorância darmos algo como verdade se não vivenciarmos profundamente o fato em si, e que aqueles que se deixam guiar por especulações sempre viverão perdidos e sem um sentido real em suas vidas. Esta é a conta que pagam os fracos de personalidade e mal intencionados. Explica também que os ingratos acabam vivendo entre pessoas da mesma natureza e no final acabam recebendo de um filho, uma mãe, um amigo aquilo que ofereceu e seus ambientes são constituídos por pessoas do mesmo caráter por castigo de OLÓFIN (As aves comiam juntas nas esquinas, somente a pomba foi autorizada a ir à Casa de Olófin).

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Esse ODÚ explica porque as pessoas devem analisar bem os fatos antes de tirar conclusões precipitadas da realidade. É uma tolice ver as situações com olhos de quem não está sendo imparcial em um julgamento ou não entendem nada do assunto. Quer ter certeza? Veja com seus olhos! Não viu? Não constatou? Não dê como verdade. (A pomba foi pessoalmente perguntar a Olófin sobre as especulações e se livrou de viver como as aves de rapina).

Explica também, que devemos analisar a índole das pessoas que queiram nos mostrar algo como verdade, analisar principalmente seu passado, seus atos, sua postura com a família, com os amigos, com a sociedade. Até onde alguém pode distorcer uma verdade para esconder uma mentira? Analisando, encontrarão motivos de sobra para questionar suas supostas verdades (A pomba não acreditou nas especulações por conhecer o caráter das aves de rapina).

Disse IFÁ: “A morte de um é o benefício de outros”. Quem se beneficiaria com a sua destruição, mesmo que fosse para esconder uma verdade? Pois é, assim se descobre as intenções DAS MENTIRAS.

Explica porque pessoas que um dia se salvaram ou se salvam diariamente, se hoje tem uma direção ou se já teve, se comem, se bebem, se hoje possuem uma fé, se trabalham e se disfrutam de um pouco de tranquilidade, seus espíritos pobres não compreendem que muita coisa foi fruto daquilo que hoje os mesmos criticam. E também explica, porque que os ingratos vivem de momentos, suas vidas não estabilizam, vivem de oportunidades e muitas vezes do resto, não tendo sentido em nada porque não conseguirem reconhecer os benefícios adquiridos e de onde vieram esses benefícios, e por este motivo perdem a direção da sorte (As aves não sabiam de onde vinham a comida, castigo do ingrato. Elas não conseguiam enxergar que vinha da casa de Olófin, o mesmo que eles chamavam de assassino).

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Este ODÚ explica porque pessoas despreparadas, imaturas na religião, sem conhecimento, sem maturidade espiritual e principalmente sem base alguma religiosa, não tem condições alguma de dar nada como certo, ou como errado dentro de um contexto litúrgico religioso e tudo que disserem serão meras especulações, já que nada entendem do assunto, e as dúvidas religiosas de uma pessoa devem ser esclarecidas com quem realmente esteja preparada para tal.

Obs: Aves de rapina representam as pessoas que vivem abaixo a uma condição moral.

Um ponto importante nesse ODÚ, sempre existirá pessoas idôneas, de caráter, de exemplos, de princípios que divulgarão a verdade e contestarão as mentiras a mando de OLÓFIN, e que basta uma pessoa de boa índole e moral ilibada para desmentir cem pessoas sem escrúpulos (A pomba e sua pata vermelha como distinção da verdade e de pessoas idôneas).

Também explica porque pessoas de boa índole não se misturam com pessoas de caráter fraco (A pomba não aceitou comer com as aves de rapina).

Este ODÚ explica o porquê OLÓFIN sacrifica animais.

Ou seja, tudo tem uma razão e um motivo e sempre que buscarmos entender, evitaremos julgamentos precipitados.

(Otura Aira Ifá Ni L’Órun)