XANGÔ ao vir à terra virtuoso da guerra e ao passar por uma lixeira aos arredores do povo de OSÁ YEKU, encontrou-se com um velho esfarrapado que em algum momento se enfermou e não podia falar. Mandou que seu ajudante dê-se lhe água e comida e que dissesse a ele que o esperasse naquele lugar que ia conduzi-lo a um povo em que ele seria o rei.
XANGÔ depois de levar a sua imensa tropa para o povo de OBARA KOSO e deixá-los devidamente instalados, foi para aquele lugar para pegar o velho que era AZOWANO (OBALUAYÉ) e o conduziu até a entrada do desfiladeiro e lhe disse que tomasse água e comesse e que ao sair do desfiladeiro, ia encontrar uma capa de pele de tigre, que a colocasse. Que iria encontrar um menino que ia lhe dar água e que aquele menino lhe indicaria algumas ervas com as quais iria curar suas chagas e demais enfermidades.
O menino era ELEGUÁ e carregava algumas EWÉS (ervas).
AZOWANO passava muitas dificuldades e penalidades para poder chegar, ao ponto que XANGÔ seguiu um caminho e indicou ele para outro. XANGÔ chegou à terra ARARÁ (DJEDJE) e decidiu reunir a todos os ARARÁS que estavam dispersos por conta da guerra e por perderem o seu rei tão querido por eles.
Quando XANGÔ chegou a tribo dos ANAI, lhes disse que pelo caminho e pelo desfiladeiro (caminho de NANÁ BURUKU) viria seu novo rei que vinha curar-lhes de todos os seus males e conduzi-los em um novo governo, já que a terra ARARÁ, com sua capital DAHOMEY, era uma terra de enfermos e que o rei viria com uma capa de tigre ensinar os seus poderes. Ao ouvirem isso da boca de XANGÔ, que era respeitado e querido, foram esperar a chegada desse novo rei na entrada do povoado.
AZOWANO, que havia chegado a esse lugar como que lhe faltassem as forças, se acostou em uma arvorezinha e viu a cada nação reunida fazendo reverências a XANGÔ que estava atrás, que com sua grande virtude e poder, lançou um raio na copa de uma árvore, desprendendo dita copa (as palhas cobriram-no) sem que acontecesse nada a AZOWANO, que antes do que aconteceu este havia feito um comentário de: “pobre SHANGÓ meu irmão, olha o que estás fazendo por mim, até chegar a mentir”…Quando ele disse esse comentário nem mesmo ele conhecia o poder desenvolvido de sua entidade espiritual curativa, começando a curar com os EWÉS que lhe havia dado ELEGUÁ, falando e dando provas de seu poder curativo onde o povo ARARÁ o levou ao trono, onde o coroaram rei do território DAHOMEY.
XANGÔ se despediu de OLUO POPO (AZOWANO, OBALUAYÉ) que estava comendo ABO (carneiro), já que era naquele momento sua comida preferida. OLUO POPO disse a XANGÔ: “Em agradecimento, enquanto o mundo seja mundo, respeitarei o ABO (carneiro) já que te entrego e tu comerás antes que eu coma, em homenagem e agradecimento do que tu fizeste por mim”.
XANGÔ naquele momento comia CABRITO e lhe respondeu muito agradecido: “Enquanto o mundo seja mundo, respeitarei o CABRITO e te concedo a ti”, despedindo-se de OLUO POPO.
Ifá Ni L’Órun