A VERDADE SOBRE A DISSEMINAÇÃO DE OLÓFIN (ODUN) NAS RAMIFICAÇÕES DE BABALAWÓS EM CUBA (continuação)

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Para as primeiras décadas do século XX, não havia mais de 16 (dezesseis) Olofistas. Acredita-se que os primeiros OLÓFIN confeccionados em Cuba, foram feitos em conjuntos no último terço do século XIX, pelos líderes africanos de IFÁ, que incluíam a ADESHINA, OLUGUERE e ASHADÉ. Os primeiros herdeiros desses OLÓFIN recém nascidos pode-se incluir a ASUNCIÓN VILLALONGA, TATA GAITÁN, ESTEBAN FERNÁNDEZ QUIÑONES, MARCOS e QUINTÍN GARCÍA, RAMÓN FÉBLES, PERIQUITO PÉREZ, BERNABÉ MENOCAL E BERNARDO ROJAS.

A iniciação de BABALAWÓS estava limitada e se legitimava através do controle sobre o uso e entrega de outra peça crucial: O KUANALDO (Cuchilo). De acordo com as Regras de IFÁ, o BABALAWÓ primeiro deve ter KUANALDO (Cuchilo) e permissão da cabeça de sua Rama (Família), para iniciar a outros, ou seja, para começar uma nova “Casa de IFÁ”. Para poder habilitar uma iniciação específica, o BABALAWÓ em questão, deveria pedir emprestado o OLÓFIN da Rama (Família), se este não o tivesse recebido. Para poder pedir emprestado o OLÓFIN, se deveria pagar um direito a Rama (Família).

De acordo ao protocolo, fato tradicional em Havana, o OLÓFIN da Rama (Família), seria herdado pelo filho mais velho do Olofista desencarnado, se fosse BABALAWÓ e se não, então pelo afilhado mais velho desse Olofista. A identidade e capacidade desse descendente, seria confirmada pela adivinhação de IFÁ durante o ITUTU (cerimônia fúnebre) da pessoa falecida e ratificado pelos membros sobreviventes da Rama (Família), de acordo a Boa Moral do herdeiro.

Em seguida, fazia-se a entrega de OLÓFIN, através de cerimônias especiais de entrega (O prêmio) e o herdeiro deveria pagar uma série de cerimônias fúnebres (honras) a pessoa falecida.

Com a posse legítima de um OLÓFIN e o KUANALDO, o BABALAWÓ não precisaria pedir emprestado um OLÓFIN para poder fazer uma iniciação. Embora não se pudesse negar o uso de OLÓFIN de Rama (Família), as cabeças em geral não faziam por capricho, preconceitos ou política. Por conseguinte, o pedir emprestado um OLÓFIN podia ser algumas vezes uma posição humilhante, dependendo da reputação de quem o pedia e a atitude da cabeça da Rama (Família). Em contraste, a posse de OLÓFIN podia permitir a seu dono, uma independência completa de seu padrinho de IFÁ ou de sua Rama (Família), já que era o Cabeça de uma nova Rama (Família) e seu status e reputação eram uma classe de “Grande” local.

Bernardo Rojas

As primeiras gerações de BABALAWÓS LUKUMÍS CRIOLAS, mantiveram fortes restrições na disseminação e no uso do Fundamento de OLÓFIN. Com isso se pretendia manter a hierarquia tradicional e autoridade, para controlar os procedimentos de iniciação e a disseminação dos segredos de IFÁ e mais importante, assegurar o caráter dos BABALAWÓS como Homens de Verdade, ou seja, sem Homossexuais e Afeminados, pela Regra de IFÁ. Dentro da Regra de IFÁ se sabe que BERNARDO ROJAS era um dos mais rigorosos no controle sobre a entrega de OLÓFIN.

No entanto, por volta de 1945, um dos mais poderosos BABALAWÓS de Havana de nome MIGUEL FÉBLES PADRÓN, começou a mudar tudo isso sobre e por cima do veto de BERNARDO ROJAS, quem insistia que a confecção liberal de Fundamentos de OLÓFIN era uma profanação – Leonel Gámez Osheniwó e Áquila de Ifá“Defendendo Nossa Tradição”.

O fabricante rebelde de Fundamentos de OLÓFIN, transformaria ele sozinho, a Regra de IFÁ, pouco depois que a era de BERNARDO ROJAS chegasse ao seu fim.

BERNARDO ROJAS, TATA GAITÁN, mas mais frequentemente seu irmão PANCHITO FÉBLES, se sentiam impulsionados a controlar os caprichos e ambições do impetuoso e forte beberrão “MIGUELITO”. Tanto PANCHITO como MIGUEL, eram chamados frequentemente por outras Ramas (Famílias), para exercer a função de OBÁ (Regentes) nas iniciações de IFÁ em quase todas as Ramas (Famílias) de Cuba.

Por muitas razões MIGUEL FÉBLES se converteu no ponto crucial entre as gerações de IFÁ mais velhas e conservadoras, que para os anos 40, que já quase haviam se acabado e as novas gerações do começo dos anos 50 até começo dos anos 80.

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Como um ascendente BABALAWÓ em Havana, o primeiro movimento estratégico de MIGUEL FÉBLES, foi tomar das mãos de seu irmão mais velho, o OLÓFIN de seu pai deixado para PANCHITO FÉBLES, quem havia herdado por direito próprio, quando seu pai faleceu em 1939. Embora MIGUEL tenha tomado o Fundamento de OLÓFIN de seu autêntico herdeiro, o gentil e diplomático PANCHITO, renunciou ao direito e este foi premiado a MIGUEL. Com isto, MIGUEL FÉBLES se fez extremamente poderoso aos finais dos anos 40, não só por seu conhecimento de Liturgia de IFÁ, mas também pelas obras que realizava com IFÁ. Adicionalmente, MIGUEL se converteu na fonte central de entregas de OLÓFIN na história da Ilha. Ele alcançou por si mesmo, o poder de eleger quem receberia OLÓFIN – frequentemente com pagos onerosos – e bloquearia outras fontes, particularmente àquelas as que ele lhe havia entregado OLÓFIN.

Continua…

 

Ifá Ni L’Órun