ARABIA OVIEDO
Fundadora de uma linhagem de importância na área de Matanzas. AINA YOBO: ÑA MARGARITA ARMENTEROS. Teve uma ampla linhagem na Cidade de Havana. Entre seus afilhados mais conhecidos se destacam TIBURCIA SOTOLONGO, OSHÚN MIWÁ e o conhecido ORIATÉ ABELARDO BECKER.
ADESHINA: ÑO REMIRO HERRERA, pioneiro de IFÁ em Cuba, ao qual chegou aproximadamente no ano de 1830. Acredita-se que teve alguma participação nas cerimônias para criar os primeiros tambores Batá na Ilha de Cuba. Chegou a este país através de Matanzas, cidade onde viveu uma grande quantidade de anos. Logo se mudou para o povoado de Regla, que está em frente a Bahia de Havana, onde viveu por 35 (trinta e cinco) anos. Fundador do Cabildo de Yemanjá, que logo deixou a sua filha JOSEFA PEPA HERRERA, ESHU BI. ADESHINA teria sido raspado de YEMANJÁ, antes de ser BABALAWÓ na NIGÉRIA. Ele iniciou em IFÁ, EWORIO RODRIGUEZ e TATA GAITÁN APARI.
ATANDÁ: ÑO FILOMENO GARCIA tem o mérito de ter talhado, junto a AÑABI, os primeiros tambores ortodoxos fabricados em Cuba. Diz-se que foi quem talhou as famosas máscaras de OLOKUN usadas para a dança desse ORISHÁ.
OBÁDIMEYI: OCTAVIO SAMÁ, seu avô, era escravo, pertencente a um engenho de um espanhol de sobrenome SAMÁ. Foi levado a cidade de Matanzas, onde ao final do século XIX, o coroaram OSHÚN. Antes de IFÁ e OSHA IFÁ serem documentados e codificados, tendo uma só Regra, os rituais desta província eram diferentes dos de Havana, por isso ao mudar-se desta cidade, sua consagração não foi aceita por EFUSHE e LATUÁN. Por tal razão, foi coroado novamente. Desta vez o coroaram SHANGÓ com ORO para AGANJÚ. Nesta cerimônia LATUÁN o oficializou como ORIATÉ, por seu conhecimento adquirido. Determinou-se no Itá dele, quiçá pelos odús que se manifestaram, que a coroação (feitura) chegou ao ORISHÁ e por isso se deu o nome dele OBADIMEYI, rei com duas coroas, duas vezes. A partir de sua ordenação, OBADIMEYI foi treinado por LATUÁN e, portanto, se constituiu no primeiro ORIATÉ da Ilha de Cuba, mas ainda sem a cerimônia de IRETE KUTAN (OBÁ ENI ORIATÉ ASÉ BABÁ ORISÁ NI ILÉ), consagração essa feita por um BABALAWÓ.
Caracterizou-se por usar o sistema de lançar duas vezes o caracol (búzios), sistema esse trazido de volta aos OLOSHAS pelo BABALAWÓ TATA GAITÁN OGUNDA FUN, buscando um signo (odú) composto, sendo assim o oráculo de MERINDILOGUN completo. Em seu momento OBADIMEYI raspou duas pessoas em DADÁ direto em LERI, ato que foi comentado em toda Havana. OBADIMEYI abriu passo para outros ORIATÉS em Cuba, já que os sacrifícios, essas situações, são efetuadas pelos BABALAWÓS nas consagrações ou feitura de santo (KARIOSHA). Este religioso treinou e ensinou a outro ORIATÉ muito conhecido, de nome TOMÁS ROMERO, EWIN LETI. Era o único a quem ele aceitava como igual.
OSHÚN KAYODÉ: JOSÉ ROCHE
Ordenado no ano de 1896 por TRANQUILINA BALMACEDA, OMI SAYA, descendente da FAMÍLIA DE EFUSHE. Teve o mérito de ser o segundo ORIATÉ instruído por LATUÁN. ODÉ DEÍ: CALIXTA MORALES, algumas pessoas afirmam que era filha de EFUNSHE, contudo, este vínculo não se pode comprovar. Grande IYALORISHÁ também de grande conhecimento chamada por LYDIA CABRERA “A ÚLTIMA GRANDE APWON (LÍDER) FEMININA”, por seu conhecimento e sabedoria.
De acordo com algumas pessoas, foi a primeira pessoa a quem se lhe assentou OSHÓSI em Cuba. ESHUBI: JOSEFA PEPA HERRERA, que era filha de ADESHINA, quiçá uma das primeiras pessoas a quem tenha sido raspada em ELEGUÁ em Cuba, suas madrinhas foram ÑA AINES, YENYÉ OLOKUN e MA MONSERRATE GONZÁLEZ (OBATERO). Sua consagração ocorreu no final do século XIX. Era uma mulher que instituiu as procissões de seu CABILDO na cidade de Regla, em honra a YEMANJÁ e OSHÚN. De acordo com uma de suas descendentes sanguíneas, foi em sua casa que soou o tambor onde se deu sacrifícios a OLOKUN na Bahia de Havana. Sua casa pode ainda ser visitada nesta localidade.
BABALAWÓ TATA GAITÁN OGUNDA FUN
Teria raspado, de acordo com algumas pessoas, OSHÓSI. Logo passou a IFÁ, determinado assim por ORUNMILÁ, pelas mãos de ADESHINA. Alcançou grande renome devido ao conhecimento que possuía de OLOKUN. De acordo com muitos, foi quem começou a entregar este santo a outros BABALAWÓS, no início do século XX.
TATA GAITÁN nunca viajou à ÁFRICA e muito menos foi buscar o OLÓFIN de ADESHINA OBARA MEYI, já que ADESHINA morreu em Cuba, em sua casa em Regla, que foi instituída por ele mesmo como CABILDO DE YEMANJÁ, o mesmo que logo herdou sua filha ÑA PEPE HERRERA ESHU BÍ.
TATA GAITÁN morreu de morte natural no ano de 1945 em sua casa situada em “ARANGUREN” entre MÁXIMO GOMEZ e CÁRDENA, antigo povoado de GUANABACOA, hoje município de GUANABACOA, terra que o acolheu como a um filho, apesar dele ter nascido em Matanzas. Os Guanabacoenses sentem-se orgulhosos de ter tido a honra de contar com figuras religiosas tão proeminentes como OLUGUERE e TATA GAITÁN, entre outros.
TATA GAITÁN, que foi primeiramente consagrado em PALO MONTE, depois lhe coroaram seu ORISHÁ ALAGBATOBI (feitura de santo) e posteriormente a OSHA lhe fizeram IFÁ (se tornou um BABALAWÓ). Isto fez com que a ele fosse conferido o título de ASHEDÁ. Ele foi o único ao qual foi concedida tal distinção.
Há um grande equívoco quando afirmam categoricamente que TATA GAITÁN fundou uma FAMÍLIA DE IFÁ na qual todos seus descendentes teriam que “RAYARSE” (jurar) PALO MONTE (religião bantu), porque ele era TATA NKISE, coisa totalmente falsa.
Que ele utilizava seus vastos conhecimentos de MAYOMBE e de IFÁ e de acordo a sua experiência os adaptava a casos específicos e que isso passou a ser conhecido no nosso corpo literário, isso sim é verdade. Que ele preservou cerimônias de OLOKUN e ODUDUWÁ dentro de suas origens, sim isso também é verdade.
Por isso entendemos que tal afirmação de “mesclagem” de cultos de BANTÚ e YORUBÁ, só aconteceram em casos específicos e não era uma regra obrigatória.
Muitos dizem que os conhecimentos de TATA GAITÁN foram adquiridos em ÁFRICA (viagem que nunca realizou) e que se perpetua em Cuba os rituais de OLOKUN por conta disso, porém isso não é verdade, porque em ÁFRICA não existe fundamentação (montagem como fundamento) destes ORISHÁ.
ESHÚ BI: JOSÉ “PATA DE PALO” URQUIOLA
Nascido em terras cubanas, ao final do século XIX, na Província de Matanzas. Mudou-se para Havana aproximadamente no ano de 1917, indo morar em um setor de Havana de má reputação, conhecido como Atare (quente). Ali foi treinado por LATUÁN e aproximadamente no ano de 1920 foi raspado ELEGUÁ pelas mãos de LUISA SILVESTRE, OSHÚN MIWÁ e lhe deram o nome de ESHÚ BI.
Sendo “rodante” desse santo, fez história, já que estando possuído por esse ORISHÁ, tiravam-lhe a perna de pau que ele tinha e o ORISHÁ assim, dançava com uma só perna.
Por não ter uma perna, ficou conhecido pelo apelido de PATA DE PALO (perna de pau). JOSÉ tinha aproximadamente uns 25 (vinte e cinco) afilhados feitos de santo, cifra muito aceitável para esse período, onde as consagrações não eram tão populares como são hoje em dia.
Entre seus méritos, sabemos que também foi conciliador. Buscou suavizar as diferenças entre os descendentes de EFUNSHE e LATUÁN, contra os de MONSERRATE OBATERO. Os seguidores de ESHÚ BI foram chamados de ATARÉ (pimenta da costa) e daí a definição de “OS PIMENTAS”.
Deste grupo de pessoas surgem todas as FAMÍLIAS OU RAMAS DE ORISHÁS, que de uma forma ou de outra estão vinculadas com esses FUNDADORES DA REGRA DE OSHA (Religião Tradicional Yorubá) em Cuba.
Com certeza, o fato da oralidade não permitiu que se conservassem registros exatos desse momento. Por isso, alguns nomes caíram no esquecimento, mas sem dúvida, foram parte importante desse processo.
Outras FAMÍLIAS DE ORISHÁS importantes surgiram no século XX:
O CORAL OU ENLACE: OMITOKE SUSANA CANTERO
Atribui-se a SUSANA CANTERO ser fundadora dessa FAMÍLIA, mas isso é inexato, já que ela pertencia a FAMÍLIA DE EWINYIYI. Recordemos que foi iniciada pela própria EFUNSHÉ.
O CORAL OU ENLACE eram apelidos que se deram para diferenciar algumas situações com as quais esta IYALOSHA não estava de acordo. Teve aproximadamente 100 (cem) afilhados, entre feitos de santo e devotos.
É fundadora de seu próprio CABILDO no povoado de REGLA. Dela se contam muitas histórias verdadeiras, quiçá a história mais conhecida tem a ver com o feito de que, em uma de suas procissões famosas no povoado de REGLA, ao escutar os tambores Batá, YEMANJÁ a possuiu e entrou no mar na Bahia de Havana, porém logo regressou à beira do mar, onde YEMANJÁ desincorporou.
LOS CULOS VERDES
Esta FAMÍLIA DE ORISHÁ foi fundada por APOLINAR POLO GONZÁLEZ, OSHAWEYE, que era da FAMÍLIA DOS PIMENTAS. Conhecido como ORIATÉ que foi, se caracterizou por estar aberto as iniciações de homossexuais, feito que nunca foi questionado por religiosos, porém era bastante questionado pela sociedade conservadora dos anos 40. Por esta característica, nomearam à descendência do mesmo “LOS CULOS VERDES”, embora dizem que eles são reais descendentes dos “PIMENTA”.
Deve ser esclarecido, de forma muito respeitosa, que simplesmente foi um apelido que foi atribuído, pela posição deste ORIATÉ de respeito a todas as orientações sexuais.
Mas também não se pode dizer que ele somente coroou ou consagrou (raspou) homossexuais. Dizer isso seria um erro histórico. Alguns iniciados por este ORIATÉ são: BONIFÁCIO AUROGA, ADE OFÚN, MIGUEL GARTI, BAMGBOSHÉ, MARÍA BERRO. O APWON LÁZARO ROS, OLO OGÚN, falecido recentemente e o ORIATÉ ANTONIO CARMONA de BROOKLYN (EUA), pertencem a esta FAMÍLIA. Foram coroados ORISHÁ por POLO GONZÁLEZ. A FAMÍLIA de PAMELA, SOMBRERITO ou TRAPITO ou os MILIONÁRIOS. Algumas pessoas descendentes desta FAMÍLIA fazem menção de que o nome dessa FAMÍLIA deveria ser TRAPITO, já que esta era a característica que diferenciava de outras FAMÍLIAS. Chama-se de TRAPITO porque numa coroação de ORISHÁ (feitura) se quebraram o tabu de usarem sopeiras e envolviam os OTÁS (pedras) em um pano. Depois da coroação (feitura) de ORISHÁ, que fez muito bem aos seus padrinhos, resolveram adotar esta modalidade, até nossos dias.
A origem desta FAMÍLIA é difícil de se precisar. Mas, sem dúvida descende de EFUSHE. Igualmente chamam-lhes de MILIONÁRIOS, porque se vestiam de uma forma impecável quando assistiam as feituras. De PAMELA ou SOMBRERITO se deve ao fato de que seus IYAWÓS se distinguiam por usar guarda-chuvas brancos, sejam homens ou mulheres, para sair durante o dia sob o sol, como até os dias de hoje em todas as FAMÍLIAS assim se faz. Nesta FAMÍLIA se destacaram muitas religiosas sumamente prolíficas. Entre elas encontramos as irmãs ÚRSULA, CARIDAD e PASCUALA, cuja descendência religiosa está bastante arraigada na VENEZUELA. Devido ao trabalho das mulheres e sua grande linhagem, a esta FAMÍLIA também é chamada “DAS CUESTAS” ou de PASCUALA CUESTA. Outras IYALOSHAS (Iyalorishás) destacadas dentro dessa FAMÍLIA são: BELÉN MADAN, DAMIA ACOSTA, ALAILEKUN, CARMEN MIRO, EWYN BI.
Ifá Ni L’Órun