Nas grandes planícies africanas, olhar e com uma olhada ver tudo o que se possa ver, era na época antiga uma ação determinante entre os homens. Quem dominava a visão de seu entorno, desde o alto de uma montanha ou uma colina, era realmente um privilégio, enquanto que se estes olhos estivessem voltados mais para acima para olhar, sua grandeza seria maior, porque poderia chegar a ver o destino desandando o caminho em qualquer de suas formas antes de chegar aos homens.
Estas e outras crenças foram formando parte da interpretação da realidade por parte dos antigos povos YORUBÁS.
Acostumados a dar dimensão as forças anímicas da natureza e aos fenômenos que a acompanham, chamaram o vulcão de AGANJÚ, uma aterradora montanha capaz de esculpir grandes rios de fogo, fazer tremer a terra e fazer dos dias noites implacáveis, cobrindo o céu de nuvens de cinzas. AGANJÚ se converteu no ORISHÁ da seiva de fogo que brota do centro da terra. Sua força interior que move a terra e faz girar o universo, criador de vida e destruição. Ele que podia captar com uma só olhada toda a extensão do deserto.
A este ORISHÁ, entre outras coisas, se deve a formação da crosta terrestre. A maior parte das pedras e as rochas se formaram através da ação vulcânica. A terra primitiva esteve formada inicialmente por amplas regiões vulcânicas e oceânicas de rocha derretida.
AGANJÚ é um ORISHÁ maior, o gigante entre eles. É o ORISHÁ da terra seca, deidade do deserto, patrono dos caminhantes e transportadores, também dos automobilistas, aviadores e estivadores. As forças terrestres que lhe pertencem são símbolo de sua tremenda energia como a potência que dividem os rios. É o “cajado” de OBATALÁ. OROIÑA é sua mãe. Seu temperamento é bélico e colérico.
Na REGRA DE OSHA está relacionado com o número 9 (nove). Diz-se que é OKANANI (um só coração) com OYÁ. Formando ambos parte ativa na formação inicial da vida, por seus impulsos, influências e essências, porque neles de certa forma, predominam os 5 (cinco) elementos necessários para o mundo: Sol, fogo, ar, terra e água.
Contudo, em AGANJÚ predomina o elemento Sol, porque é um só e não está limitado a nada nem a ninguém. Em seu aspecto noturno, AGANJÚ simboliza o desconhecido, a paixão e domina os ciclos de desespero. É a pegada de OLODUNMARÉ pela terra. Saúda-se da seguinte forma: AGAYÚ SOLÁ KINIGUÁ OGÉ IBÁ ELONÍ. Sua cor é o vermelho terra, ou terra cota, porém gosta de todas as cores, exceto o preto.
Maferefun AGANJÚ SOLÁ KINIGUÁ! ASHÉ!
Ifá Ni L’Órun