FAMÍLIAS DE ORISHÁS

bailando cabildo

O agrupamento de várias famílias religiosas tinha em comum muitos dos rituais que se praticavam naquele momento. Estas FAMÍLIAS, com certeza foram encabeçadas pelos religiosos mais destacados da época. AS FAMÍLIAS DE ORISHÁS surgiram como uma necessidade, no sentido de que não havia uma unificação dos rituais e se corria o risco de que muitos deles poderiam se perder, como de fato ocorreu com alguns, devido quiçá a tradição oral.

Esta unificação de rituais tinha como finalidade que existisse respeito às consagrações. Seja quaisquer os lugares da Ilha onde se realizaram, nesse momento da história, quando se começa a falar de alguns personagens, que há transcendido a história por sua capacidade organizadora e seu papel principal. Estabelecer uma linha de descendência pura é um tanto difícil, já que as FAMÍLIAS fundadoras foram se estendendo e multiplicando entre si, dando lugar a novas FAMÍLIAS RELIGIOSAS. Mas, se há alguém a quem os descendentes da REGRA DE OSHA CUBANA devem muito é a ROSALÍA GRAMOSA EFUSHE, ancestral religioso com a qual, de uma forma ou de outra, todos estamos vinculados. Em seguida apresentaremos alguns nomes que, mesmo um século depois, seguem soando nas mojubas de muitos iniciados.

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EFUSHE WORIKONDO

ROSALÍA GRAMOSA, conhecida como EFUSHE WORIKONDO ATIKEKE, africana de nação, proveniente da Cidade de Egbado. Tinha assentado OSHÓSI. Era uma religiosa prolífica para a época. Foi uma das principais promotoras da unificação dos rituais. Muitos lhe atribuem ser a fundadora de muitas FAMÍLIAS DE SANTO, quiçá devido a transcendência de seus afilhados. Entre sua descendência se encontra ANDRE TRUJILLO, EWY YIMI, SUSANA CANTERO, OMI TOKE, AURORA LAMAR, OBA TOLA, LUIS LA GUAJIRA, MENÉNDEZ, OSHÚN MIWÁ, MARÍA TRUJILLO, ARABIA QUEDO AIGORA, MARÍA PONCE, SHANGÓ BI, O CARTEIRO RAIMUNDO, JESÚS TORRES, MARTÍN ROSELL, OGUN NIKE, IGNÁCIO ALBUERNE, SHANGÓ FUNKÉ, NORBERTO ACUÑA, OBADINA, HUMBERTO PÉREZ, SHANGÓ LAY, NOEL DÍAZ, IYAKERE, BENIGNO, RUDY DOMÍNGUEZ, IFAFUNIKE, ORLANDO MARTÍN, BIZCOCHO BORRACHO FUNKE, JUAN IZQUIERDO. Entre os aportes que realizou, EFUSHE se destaca o feito instituído de que o caracol (búzios) se lança duas vezes como era na África, diferente do método de búzios. Seu trabalho religioso foi de grande alcance. Dela partem quase todas as FAMÍLIAS que temos e conhecemos nos dias de hoje.

OBATERO: MA MONSERRATE GONZÁLEZ:

Obatero

Procedente da Cidade de Egbado, Cidade pertencente a OYÓ, terra da qual provém grande quantidade dos rituais que se conhecem em Cuba hoje em dia. MONSERRATE teria assentado SHANGÓ e seu nome era OBATERO. Alguns registros da época falam que ela chegou em HAVANA como escrava no ano de 1840. Não se precisa sua idade ao chegar às terras cubanas. A ela se atribui sangue real, por isso foi muito difícil para ela adaptar-se ao trato despótico do qual eram vítimas os escravos. Alguns afirmam que foi comprada por alguns negros libertos provenientes de Egbado. Esteve alguns anos na Cidade de Havana, mas logo foi levada para o interior de Cuba, a um lugar conhecido como As Alturas de Simpson, situado na província de Matanzas. Ali constituiu o CABILDO chamado (apelidado): “Papai Noel Bárbaro”. Muitas as práticas da REGRA DE OSHA atual são atribuídas a OBATERO. Entre elas podemos citar o feito de se fazer conhecer a religião em Matanzas. Também lhe atribui o jogo de tambores Batá. Igualmente é a ela a quem se consideram responsável de dar o conhecimento da cerimônia de feitura ou KARIOSHA.

Conhecia rituais secretos de ORISHÁS como YEWÁ, ODUDUWÁ, BOROMÚ e BORONSIÁ. Em seu contado com membros da nação ARARÁ (Djedje), os ensinou a arte do MERINDILOGUN, que era uma prática desconhecida para eles. Em troca desse conhecimento, os ARARÁS lhe ensinaram os rituais secretos de AZOWANO (BABALU AYÉ) e de OLOKUN. Atuou como “ORIATÉ” (regente) de seu CABILDO. Foi descrita como uma pessoa de poucas palavras, mas possuidora de muitos rituais secretos. Entre seus afilhados estão: FERMINA GÓMEZ e muitos outros nomes atuaram como: TIMOTEA ALBEAR, AJAYÍ IEWÚ. Esta mulher de grande inteligência, se converteu em uma organizadora da REGLA DE OSHA. Africana de nascimento, foi feita de SHANGÓ, junto a seu irmão gêmeo, a quem foi feito de YEMANJÁ. De acordo a alguns historiadores, chegou a CUBA no ano de 1840. Rapidamente formou parte do famoso CABILDO São José 80, também conhecido como SHANGÓ TEDUM.

TOQUE-TAMBOR

Neste CABILDO, sua atuação a converteu indiscutivelmente por consideração em uma grande “ORIATÉ”, devido a seu conhecimento e organização. Este feito facilita a saída da Cidade de Havana de MONSERRATE GONZÁLEZ, OBATERO, a quem sua atuação ajudou muito nas consagrações. Assim como OBATERO, introduziu muitas mudanças na cerimônia de ORISHÁ. Igualmente resgata cantos e rezas para a cerimônia de feitura. Muitos consideram que o nome REGRA DE OSHA pode atribuir-se a sua atuação. A importância histórica desta LAGBA-LAGBA é imensa, já que sua capacidade organizadora permitiu que se preservassem os rituais que hoje conhecemos, que ajudaram a diferenciar este processo religioso de outros de origem africana.

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Ela foi a responsável pelo treinamento como ORIATÉ dos dois primeiros homens que fugiram como tal na Cidade de Havana: OCTAVIO SAMA – OBADIMEYI, JOSÉ ROCHA – OSHÚN KAYODÉ. A influência desta mulher chegou nos nossos dias atuais. A feitura, tal como a conhecemos nos dias de hoje, é produto de sua capacidade organizativa. Assim como EFUNSHE, é um antepassado comum em todas as FAMÍLIAS. OSHABI – FERMINA GÓMEZ, herdeira dos segredos de OLOKUN, que lhe transmitiu MONSERRATE GONZÁLEZ. Foi conhecida como a Rainha de OLOKUN. Sua linhagem é amplamente conhecida na população de Matanzas. Manejava o conhecimento de todos os ORISHÁS EGBADO em Cuba.

Se distinguiu por sua maneira de manejar OLOKUN, mas também conhecia as cerimônias de YEWÁ e ODUDUWÁ. Teve uma vida religiosa ampla. Em sua casa, diziam que repousava as tradicionais máscaras de OLOKUN.

Faleceu no ano de 1950. Hoje em dia sua casa permanece, na Cidade de Matanzas, em muito más condições, mas ainda de pé. Diferente do que muitos pensam, não é a fundadora da FAMÍLIA da PIMENTA, mas sim esteve muito vinculada a mesma, assim como seus descendentes religiosos, como ÑA BELÉN GONZÁLEZ fundadora da linhagem da PIMENTA. Existem dúvidas se foi consagrada em OSHÚN ou YEMANJÁ. O que está claro é que foi consagrada por TERESITA OSHÚN FUNKÉ, TERESITA AIROSA. Ainda que outros consideram que sua consagração esteve a cargo da CHINA SILVESTRE – OSHÚN MIWÁ.

 

Ifá Ni L’Órun