Em certa ocasião OYÁ aprisionou SHANGÓ e na porta da estadia onde o tinha preso, colocou IKÚ (a morte), parado esperando que SHANGÓ tentasse sair para impedí-lo.
Até que OSHÚN, mulher determinada e decidida, decidiu acabar com o martírio de SHANGÓ que, desde muito tempo, por ele era apaixonada. Conhecedora de que OYÁ, apegada a seus caprichos e vaidades, havia aprisionado SHANGÓ usando de carcereiro IKÚ (a morte), decidiu então corromper a moral de OYÁ, burlar a vigilância de IKÚ e arrebata-lo dali. Pegou uma garrafa de aguardente, azeite de dendê, mel de abelhas, peixe defumado, Efun, nove acarás e nove pelotas de inhame amarelo e se dirigiu até onde estava IKÚ vigiando a SHANGÓ. Mostrou-lhe tudo o que trouxe e o convidou a comer.
IKÚ aceitou. Sentaram-se amigavelmente e começaram a comer e a beber aguardente previamente preparado com OÑI (Mel). OSHÚN valendo-se de sua astúcia, apenas bebia e observava que IKÚ bebia em grandes goles, enquanto que OSHÚN bebia moderadamente.
Até que por fim, IKÚ ficou bêbado e propôs algo desonesto a OSHÚN, que indignada rejeitou, dando-lhe um pontapé e lançando-o ao chão. Em seguida adentra no Ilé de OYÁ e unta todo o corpo de SHANGÓ com Efun até deixa-lo todo branco e tomando-lhe por um braço, o tira da casa.
SHANGÓ, ao ver IKÚ estendida no chão, encorajado pela ação do Efun, lhe deu três chutes e seguiu sua companheira. Já longe daquele lugar, OSHÚN quis que SHANGÓ, em pagamento de sua atitude, lhe proporcionasse uma noite de prazer.
Porém SHANGÓ, escarmentado, lhe promete que se alguma vez ele a encontrar em algum Tambor, ele lhe pagará essa dívida contraída com ela e lhe diz: Por agora deixe-me descansar nos braços de OYÁ. E OSHÚN se pôs a esperar.
Ifá Ni L’Órun