O NASCIMENTO DOS IBEJIS

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Etimologicamente a palavra de origem Yorubá IBEJIS provém dos vocábulos “IB”, que traduzido significa nascer e “EJIS”, que significa duplo, seu significado seria “Duplo Nascimento” em alusão aos gêmeos que foram concebidos por OSHÚN e SHANGÓ no Odú do corpus de Ifá “OSHÉ BARA”.

Conta-se em um dos Patakis desse Odú, no caminho de “Por que se leva o Omo Orishá ao Rio” que OSHÚN e SHANGÓ viviam juntos. SHANGÓ teve que ir à guerra e OSHÚN ficou sozinha, mas além disso estava grávida e com o tempo teve dois filhos homens gêmeos, aos que deu o nome de TAIWÓ ao primeiro (TO-AYÉ-WÓ) “o que vem provar a vida” e o segundo que nasceu é chamado de KAINDÉ (KO-EIN-DE) “aquele que vem atrás do outro” e é o maior dos dois. O povo Yorubá disse que KAINDÉ sempre envia a TAIWÓ na frente para descobrir se a vida vale à pena.

OSHÚN foi severamente criticada pelas pessoas daquelas terras, porque diziam que ela tinha sido infiel a SHANGÓ, que um filho seria dele, mas o outro quem sabe de quem, já que nesse povo jamais se havia visto um parto de IBEJIS ou GÊMEOS.

OSHÚN desesperada levou seus filhos a um MALANGAL (Matas de Taioba) e os deixou escondido embaixo das folhas de EWÉ IKOKO (Taioba) e se foi até onde estava ORUNMILÁ e não levou seus filhos por medo de que ORUNMILÁ também a criticasse. ORUNMILÁ realizou uma consulta com IFÁ (Osode) e sacou o Odú OSHÉ BARA, onde disse que tinha a língua e a calúnia em cima dela e com isso fez algumas obras em IFÁ e a mandou para o ILÉ DE OLÓFIN, onde este a recebeu e a recriminou dizendo: “pariste dois filhos e os deixastes escondidos embaixo das matas de EWÉ IKOKO (Taioba) por medo de ORUNMILÁ, e Ele e Eu te recriminaremos” e sentenciou: “Seguirás parindo, terás outro filho ao qual chamarás “ILDEU” (IDEU) e para que possas parí-lo, terás que ir com um KUEKUEYE (pato) ao rio, com ele é que tu farás Ebó e o dará em sacrifício na beira do rio e nesse mesmo lugar o enterrará e  chamarás assim:

“Ideu onido edún omo edún omo obayi edún yobi edún agbogbo”

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E seguiu dizendo: “os filhos que pariste, TAIWÓ e KAINDÉ, não os busques mais, porque estão agora no poder de OYÁ ao qual os pegou e levou, mas quando fizer a obra que te ensinei, terás outro filho”. OSHÚN fez o indicado por OLÓFIN e pariu seu terceiro filho.

OLÓFIN chamou SHANGÓ e a todos os habitantes daquelas terras e lhes disse: “Agora todos aprenderam, inclusive tu SHANGÓ que te deixaste levar por comentários e fofocas de todas essas más línguas do povo. Devem saber que toda mulher está na faculdade de parir GÊMEOS ou IBEJIS, TRIGÊMEOS e até mais filhos em um mesmo parto e não será por infidelidade dela para com seu marido e de agora em diante para parir OMÓ ORISHÁS (Iyawós) terão de estar presentes EWÉ IKOKO (Taioba), para tapar todo os ARAYÉS (inimigos), ELEGUEDÉ (Abóbora) para que SHANGÓ saiba e reconheça esse nascimento e deve-se levar o OMÓ ORISHÁ (futuro Iyawó) ao ILÉ IBÚ (o rio), para banhá-lo e que OSHÚN e IDEU reconheçam que está nascendo um novo OMÓ ORISHÁ (Iyawó) e para que lhe lavem todo o mal que teve antes de nascer. E que assim se faça desde então”.

É por isso que o OMÓ ORISHÁ (Iyawó) é levado ao rio para banhar-se e correr seu segredo no qual se verá envolto em EWÉ IKOKO. (Hoje em dia se coloca em um porrãozinho de barro). Põe-se um cacho de bananas verdes na casa onde se está fazendo o plante de OSHA e IFÁ, para que SHANGÓ reconheça esse nascimento.

 

Ifá Ni L’Órun