Depois que SHANGÓ derrotou OGUN, ele voltou a sua vida despreocupada de mulheres e festas.
OGUN foi de novo a sua forje e a seu trabalho com metais.
Os dois evitavam de se encontrar sempre que fosse possível, mas quando se viam se ouvia um trovão no céu e se viam relâmpagos.
Depois de ouvir falar da guerra entre os dois irmãos, OBATALÁ convocou a SHANGÓ e disse:
– OMO (Filho) MEU! Tua guerra com teu irmão me traz muita tristeza.
Tu deves aprender a controlar seu temperamento.
– É culpa dele BABÁ, ele ofendeu não somente a minha mãe, mas logo foi atrás de OYÁ e tentou interpor-se entre MIM e OSHÚN.
– Filho meu, ele nunca quis ofender sua mãe. Mas ele também não é o único culpado.
OYÁ era sua esposa e OSHÚN o tentou.
Por ofender sua mãe ele mesmo se condenou a morar no monte e trabalhar duro pelo resto de sua vida, sem dormir nem de dia, nem de noite.
Isso é um castigo grave.
Tu não és completamente inocente. Tu tomaste a esposa e a amante dele e logo pegou sua espada e sua cor.
– Ele matou o meu cachorro! E agora ele pode dizer que os cachorros são dele. (SHANGÓ replicou a OBATALÁ).
– Entendo teu ressentimento, mas entenda que a energia incontrolada pode ser muito destrutiva.
Tua energia é grande, mas tu necessitas de uma direção. Para isso te ofereço este presente e este dom.
OBATALÁ pegou o Eleke de contas brancas que sempre usava e tirou uma das contas e deu a SHANGÓ.
– Usa esta conta branca, como um símbolo da paz e da sabedoria, com as contas vermelhas de teu Eleke.
Te dou o poder de controlar tua energia sabiamente.
Tua virtude será a justiça e não a vingança.
Ninguém nem nada te superará nunca.
A partir desse momento, SHANGÓ usou o Eleke de contas vermelhas e brancas e tem sido o ORISHÁ da justiça.
Ifá Ni L’Órun