Deve-se a beleza e o brilho da juventude de OXUM, o motivo de OGUN sair da selva onde vivia só, sem mais companhia que a de seus cachorros. OGUN se escondia dos homens e só via OXÓSSI, o ORIXÁ da caça, dono dos animais silvestres.
Fazia muito tempo que não se sabia de OGUN. Havia um gato faminto que buscando o que comer, ouviu o rumor de uma conversa e se aproximou a escutar. OXÓSSI dizia a OGUN que no povoado havia um velho que tinha dito ser pai dos dois. OGUN respondeu, eu não tenho pai, o que OXÓSSI também respondeu, mas assim mesmo vou ver esse velho, tocarei a porta e se ele me responder ODE MATA, então de verdade esse velho é meu pai. Se não me responder assim, não é meu pai e então vou puní-lo. OGUN disse, eu também irei vê-lo e se não me diz OGUN OBANIRÉ, tampouco não é meu pai e o punirei também.
Com esses planos se separaram os dois ORIXÁS. O gato, ao encontrar o que comer e escutado tudo isto, dormiu um sono e foi depois contar a Baba OLÓFIN (DEUS) tudo o que havia ouvido.
Um dia OXÓSSI tocou a porta de OLÓFIN. OXÓSSI ODE MATA, gritou o velho. A Benção BABAMI!! Respondeu OXÓSSI. Três dias depois, OGUN chegou à porta de OLÓFIN e a tocou. OGUN OBANIRÉ respondeu o velho. A Benção BABAMI!!! Respondeu OGUN. O velho disse a OGUN: Deves ficar aqui comigo, no que OGUN respondeu: Algum dia verei vê-lo, mas volto ao monte agora.
OXÓSSI ia visitar o velho poucas vezes, mas OGUN não ia. OGUN fazia muita falta no povoado. Que será de nosso povo sem os ferros? Que será do mundo sem OGUN? Não fornece mais suas ferramentas, se queixava OLÓFIN. Ninguém conseguia tirar OGUN do monte. OLÓFIN se cansou de mandar buscá-lo.
ELEGBÁ não conseguiu convencê-lo. Os ORIXÁS homens lhe ofereciam riquezas em troca de que ele saísse do monte e as ORIXÁS femininas iam tentar seduzi-lo, mas selvagem e desconfiado, OGUN se penetrava mais ainda por dentro do monte.
OXUM disse, eu vou tirar OGUN do monte e o trarei até o povo. Encheu uma cabaça com mel (OÑI), colocou cinco panos amarelos na cintura e tocando suas cinco pulseiras, chegou onde estava OGUN, que ao vê-la foi logo se esconder.
OXUM cantou e cantou, sua voz era tão doce que OGUN ficou quieto escutando-a. Aventurou-se a colocar a cabeça para fora e OXUM rapidamente unta seus lábios com OÑI (Mel). OXUM segue cantando e OGUN sai de seu esconderijo.
OXUM continua cantando e dançando, brindando-o com mel. OGUN lambia com delícia. Assim esteve OXUM durante cinco dias cantando, dançando, untando mel nos lábios de OGUN até que este finalmente saiu detrás dela enfeitiçado. O mel de OXUM amansa e adoça OGUN. Ela o tira da selva e o leva até o Ilé de OLÓFIN, que ata em OGUN uma corrente e o retém cativo no seu povoado.
Assim OXUM conseguiu o que parecia impossível, para o bem do povo. OXUM com sua doçura e seu mel, seduz e adoça a qualquer um.
Ifá Ni L’Órun