Há muito tempo viviam OSHÚN, OGUN, SHANGÓ e ORUNMILÁ na selva. OSHÚN, tão sensual e bela, vivia maritalmente com SHANGÓ, mas isso não a impedia de flertar com OGUN e com qualquer caminhante que se perdesse na mata cheia de surpresas.
Por isso então, ORUNMILÁ, enfermo e sem poder andar, decidiu registrar-se buscando saber até quando duraria sua enfermidade. Atirou então seu EKUELÉ (OPELÉ) na terra e saiu o Odú IROSO SÁ, que recomenda fazer Ebó rapidamente.
Esse Odú também o advertia que tivesse cuidado com fogo, pois SHANGÓ se havia percebido da infidelidade de sua mulher. OSHÚN, angustiada porque ORUNMILÁ havia se enfermado e ele não podia sair em busca das coisas necessárias para fazer Ebó, imediatamente as trouxe e ORUNMILÁ ficou muito agradecido.
Um certo dia, enquanto OSHÚN cozinhava uma adié (galinha), a comida preferida de ORUNMILÁ, SHANGÓ espreitava para começar sua vingança. Seguro de encontrar juntos OSHÚN, OGUN e ORUNMILÁ, formou uma grande tempestade e com seus raios implacáveis, ateou fogo à cabana de ORUNMILÁ. OGUN saiu correndo, ORUNMILÁ, do susto, voltou a caminhar e conseguiu chegar até o mato. OSHÚN, quem buscava orégano e alfavaca para temperar a adié, ao ver as chamas pensou na enfermidade do pobre ORUNMILÁ. Arriscando sua vida, penetrou na casa para salvá-lo. Ao não encontrá-lo, desesperada e quase sufocada pela fumaça, saiu chorando.
Quando viu ORUNMILÁ são e salvo em uma clareira na selva, correu e o abraçou. ORUNMILÁ então disse: “Tu que foste a errada, mas lembraste de mim nos momentos mais difíceis. De agora em diante, comerás comigo. Faremos juntos nossa comida predileta, a adié. Juntos andaremos os caminhos dos Odús e dos homens”.
Iboru Iboya Ibosheshe!
Ifá Ni L’Órun