ORUNMILÁ E A BANDEIRA DO REI (A COMPROVAÇÃO)

Odú Ifá Otura Aira

Havia um rei na cidade que somente ele tinha o privilégio de ter uma bandeira na porta de seu reino, como sinal de distinção. Mas chegou nesse povo um Awó com a coragem de enfrentá-lo hasteando outra bandeira ao lado da do rei no objetivo de demonstrar que se tratava de um rei. Imediatamente comunicaram ao Rei o acontecido e este mandou buscá-lo para saber o objetivo pelo qual havia plantado tal bandeira. Quando o Awó chegou à presença do Rei, ele disse que tinha colocado essa bandeira porque ele era adivinho e, portanto, era um rei e todos deveriam ter conhecimento.

Diante de tal situação o Rei preparou um segredo para comprovar a autenticidade do adivinho e do que dizia o submetendo a uma prova. Na presença da corte, pôs-lhe como condição que se no prazo de três dias não adivinhasse o segredo que continha nos três guiros (cabaças), o mataria, mas antes disso Orunmilá havia feito uma oferenda a seu Ori. O Rei então mandou guardá-lo e nessas condições Orunmilá só se pôs a pensar numa maneira de se sair bem de tal situação de apuro. Aconteceu nesse momento que os guardiões do Rei trouxeram presa uma mulher que a colocaram no mesmo lugar onde se encontrava Orunmilá. Ela começou a incomodá-lo pedindo-lhe água, charuto e comida, coisa que Orunmilá logo atendeu por sua generosidade. Depois disso ela dormiu e quando despertou disse a Orunmilá: Que ela havia sonhado com o Rei e havia visto o que continha dentro dos guiros (cabaças) e disse que em uma tinha EKÚ, no outro EJÁ e no terceiro EPÓ.

Orunmilá agradeceu à mulher e quando o prazo se cumpriu o levaram diante da presença da corte. Orunmilá disse ao Rei o que tinha em cada um desses guiros, EKÚ, EYÁ e EPÓ, onde o Rei e sua corte ficaram assombradíssimos com Orunmilá. A partir desse dia o Rei o autorizou a usar a bandeira assim como ele usava o reconhecendo com rei Adivinho.

Nota: Nesse Odú o Babalawó recebe indicações de Ifá para se salvar e salvar a humanidade dos perigos da vida, sendo esta sua missão na vida e no mundo. Nos escritos secretos essa mulher que indica Orunmilá aparece como Odún que vive no Ori de todos os Babalawós.

Esse caminho explica que a imposição dos desafetos diante Otura Aira acaba gerando situações difíceis onde ele ganha oportunidade de provar seu conhecimento e sua capacidade e graças aos mesmos se estabelece e é reconhecido como tal, mesmo por aqueles que duvidaram de seu sacerdócio, pois um dia terão que reconhecê-lo graças as suas provas diante da sociedade.

Ifá Ni L’Órun