Aganjú mantinha uma guerra com Obatalá porque queria evitar que Olófin concedesse a este último o poder de todos os Oris.
A condição imposta a Obatalá por Olófin era uma busca de um Ashé (algo estimado) que consistia em umas Eyeles (pombas) que tinha seus ninhos no teto de determinada casa.
Obatalá se dirigiu até Yemanjá pedindo a ela ajuda para pegar àquelas Eyeles. Yemanjá estranhou e lhe perguntou: E por que queres minha ajuda? Obatalá lhe respondeu: Porque Aganjú tinha jogado serpentes por todo o caminho, então Yemanjá lhe disse: Eu não posso ajudar-te, mas vá até a casa de Orunmilá que ele te tirará desse apuro. Obatalá se despediu de Yemanjá e foi a ver Orunmilá.
Inteirado Orunmilá do problema de Obatalá, lhe disse: Vá ver Shangó de minha parte, que ele subirá ao teto da casa onde estão as Eyeles e as pegará.
Quando Obatalá localizou Shangó lhe disse: Shangó, venho da parte de Orunmilá para que pegue àquelas Eyeles que estão em cima daquela casa. Está bem, disse Shangó e tomou o caminho para a casa apontada por Babá, mas em pouco tempo não pode continuar o feito, porque estava cheio de serpentes no caminho.
Shangó subiu em uma árvore e viu Aganjú trepado em outra árvore próxima e descendo de onde estava se aproximou de Babá e lhe disse: Não é possível pegar àquelas Eyeles, porque estão vigiadas, é melhor que busque a Eleguá (Elegbara) que ele te tirará desse apuro.
Obatalá se despediu de Shangó e saiu em busca de Eleguá e quando o encontrou lhe perguntou: Você poderia me ajudar a pegar umas Eyeles que estão no teto daquela casa? Com muito prazer, lhe respondeu Eleguá. Inteirado minuciosamente do assunto, Eleguá pegou um saco, o encheu de EKU, EYE e AWADO e foi enchendo o caminho até que afugentou a todas as serpentes e pode caminhar sem ser incomodado por elas e seguia cantando:
“ESHÚ BARAGO AGO MOJUBARA…”
E assim conseguiu aproximar-se da mata em que estava escondido Aganjú e lhe disse: Aganjú, me inteirei de que queres fazer uma armadilha para Obatalá e venho colocar-me do seu lado e Aganjú lhe respondeu: Que tipo de ajuda tu podes me dar? Eleguá lhe disse: Eu posso fechar os caminhos de Obatalá. Aganjú saiu da mata e lhe disse: Eu gostei da ideia e aceito tua ajuda, serás o meu sócio.
Eleguá pegou uma garrafa de Oti e o convidou a beber para celebrar a aliança. Ambos começaram a beber até que Aganjú ficou completamente bêbado e Eleguá o deixou abandonado ali mesmo e correu até a casa em cujo teto estavam as Eyeles, mas não pode subir até lá, nisso se ouviu a voz de Shangó que vinha cantando e então Eleguá gritou: Shangó! Venha aqui!
Shangó se aproximou da casa e perguntou a Eleguá, o que fazes aqui? Eleguá lhe respondeu: Não posso subir no teto para pegar as Eyeles que Obatalá tanto precisa. Shangó facilmente escalou a parede, subiu no teto da casa e pegou as Eyeles.
Pelo caminho vinha Obatalá e os três foram até onde Olófin estava e este ao ver Obatalá com as três Eyeles lhe disse: Obatalá te faço DONO DE TODOS OS ORIS e a ti Eleguá te concedo O PODER DE ABRIR TODOS OS CAMINHOS. To Eban Eshú.
Maferefun Eleguá, Obatalá. Lodafun Orunmilá ati Shangó!.
Ifá Ni L’Órun