O culto a Egun é possivelmente o mais antigo dos cultos ancestrais de todas as religiões a nível universal. Tem como base render honras aos mortos, atender suas mensagens, requerimentos e necessidades. O termo “mortos”, se refere aos nossos ancestrais religiosos, nossos familiares, entes queridos e aqueles que devido a forma em que faleceram, não são conscientes de seu novo status de existência.
Sua existência se refere a um mundo paralelo ao nosso, o chamado mundo espiritual, de qual viemos anteriormente e ao qual voltaremos depois, se baseia em dar ciência através dos nossos ancestrais ao Criador de como anda nossos passos por este outro lado (Mundo).
Nos países praticantes da religião dos Orishás, conhecida como Religião Yorubá, dependendo da área ou país onde se pratique, com mínimas diferenças devido a segregação sofrida durante os anos de escravidão, é uma prática só.
Se lhes dedica um espaço fora, preferencialmente embaixo de uma árvore frondosa ou de uma boa sombra como referência ao lugar de descanso, ou perto de um buraco, onde representa o descanso dos mortos.
Nesse lugar onde se oferece: comidas, rituais oferecendo flores, velas, bebidas, ritualísticas, orações, etc, utilizando bastões de madeira forte e sagrada para invocar os ancestrais, de acordo com os golpes que são dados ao solo são utilizadas cantos e rezas compassados durante os rituais dos Eguns, estes também recebem os sacrifícios em representação dos Eguns.
Em tempos passados, os anciões eram enterrados em um canto da cabana e a família se reunia para apresentar seus respeitos aos antepassados. Os membros da família colocavam ali a comida favorita do antepassado morto, assim como sua bebida e fruta favorita e uma madeira com tiras de tecido de roupas que haviam pertencido ao ancião com sinos amarrados na madeira. Com este cajado golpeavam o chão enquanto cantavam orações para pedir suas bênçãos, conselhos e proteção. Esta tradição como muitas outras, tem sobrevivido com o passar do tempo e se manifesta em muitas crenças ou religiões.
O nome congolês dessa vara ou palo é Ariku Bambaya, também conhecido como Pá gugu de Egun ou bastão de Egun. O Pá gugu de Egun se coloca junto ao altar do antepassado, adornado da maneira dos tempos antigos. Se não dá para usar a roupa de um antepassado para fazer as fitas e adornar a madeira de Egun, então será suficiente usar fitas de diversas cores com sinos atados nas pontas. O simbolismo é a chave. Todos os altares deveriam ter uma representação dos elementos básicos:
Terra: está simbolizada pelas flores que crescem dela. Representam a beleza que é a Mãe Terra e o amor que age com toda a criação.
Ar: tem sua representação nas velas, já que é o ar que alimenta o fogo.
Fogo: simboliza a viva energia espiritual, uma entidade viva que respira com propriedades destrutivas e positivas. Como energia positiva representa a vida e a luz que dá esta, a todos aqueles que buscam a verdade.
Água: exemplifica a limpeza, a claridade e o pensamento puro. É o elemento que promove a vida, a essência primordial da terra. Todo o que vive e respira, sobrevive da água que cai do céu.
Tradição Yorubá
Egun tem suas comidas, se lhes oferecem bebidas e todo tipo de alimentos, especialmente água. Normalmente se realiza a cerimônia de se alimentar a Egun, quando algum oráculo assim o determina, pois há Odús que especialmente o especificam assim. Egun come em casa, no rio, no monte, junto com Inlé Ogueré (a terra) Ashikuelú, Afokoyeri e todas as deidades que vivem abaixo da superfície terrestre. Para ele sempre levam umas comidas denominadas Adimus, que podem ser as seguintes:
Ekrú, Olelé, Oguidi, etc, que em cerimônias de Zaraza ou de Honras ou simplesmente para fazer um Kari Osha Ni Oyá (FEITURA DE OYA) leva, em um mínimo de 9 e pode-se acrescentar mais. Egun come animais como eyelé (Pombo), akukó (frango), ekú, eyá tuto, adié, ayakuá, etú, agbo, ounkó, etc. Tudo isto em cerimônias especiais, nas quais a maior parte delas tem notáveis protagonistas Babalawós e homens graduados em elesse Orishá.
Telha de Egun
As cerimônias de Egun são as primordiais dentro da religião Yorubá, de Arará e de quase todas as de origem africanas, recebendo culto, veneração e dando sem dúvidas, testemunho de sua presença como Eguns ancestrais.
Ifá Ni L’Órun Otura Airá