OLÓOKUN – PROFUNDIDADE
OLÓFIN (Deus) vagava pelo espaço, quando somente havia pedras e fogo. Em função do vapor produzido pelas chamas, grande quantidade de nuvens se acumulou no espaço, precipitando sob a forma de chuva. Onde o fogo havia queimado mais, o terreno ficou mais profundo, dando origem aos grandes oceanos que cercam a terra. Neste momento nascem todas as YEMANJÁS e OLOKUN, que é a mais alta representação dos orishás, depois de ODUDUWÁ.
Quando o mundo se formou, existia maior quantidade de água do que de terra e, por isso, OLOKUN ocupa o segundo lugar no panteão Yorubá. Esta divindade também é conhecida pelo nome de AAGANA-OKUN IJÁ MOAJÉ, que significa “a profundidade dos oceanos, mãe dos peixes e dos caracóis do mundo”. Ninguém sabe o que há no fundo do mar, isto é tratado no signo Iroso Meji.
Com OLOKUN vivem dois espíritos: SAMUGAGAWA, que simboliza a vida e ACARO, que simboliza a morte. Ambos estão representados nas ferramentas de OLOKUN.
Este orishá não fala diretamente com a humanidade, porém se comunica através de YEMANJÁ, já que este foi o primeiro caminho que veio à terra e que, também, se denominou YEMBÓ. YEMANJÁ possui sete caminhos: primeiro YEMBÓ, segundo MAYELEWÓ, terceiro ASHABÁ, quarto OKUTÉ, quinto OKOTÓ, sexto IBU-ARU e sétimo IBU AYEE. Estes caminhos estão representados nos sete mares que rodeiam a terra e nas sete reencarnações deste orishá em sua trajetória. Tudo isto está explicado em um Patakin do signo Iroso Ogbe (Iroso Umbo).
As ferramentas de OLOKUN são assentadas dentro de um porrão grande, com cerca de sessenta centímetros de altura, do qual fazem parte sete pulseiras ou aros, denotando a procriação de seus sete filhos preferidos: OYÁ, ELEGUARA, OGUN, OSHÓSI, AZAWANO, ORISHAOKÓ e SHANGÓ. O nascimento de todos os sete orishás está descrito nos signos desde Okana até Odi.
Em Cuba existe a tradição de assentar OLOKUN para todos aqueles que irão fazer YEMANJÁ. OLOKUN só se assenta, ou seja, não se faz na cabeça de ninguém. Aos filhos de OLOKUN se faz YEMANJÁ. Também se assenta OLOKUN a qualquer pessoa que seja feita, não importando o santo, porém deve possuir assentamento de ELEGUÁ. Deve-se trocar a água de OLOKUN a cada seis ou sete meses e o assentamento deve ser mantido em um lugar oculto, onde ninguém possa tocá-lo. OLOKUN é assentado dentro de um porrão escuro e simboliza a escuridão existente no fundo do mar.
Lembrando que a descrição do assentamento de OLOKUN acima está ligada a Regra de Orishá, pois existe a própria profundeza do mar e sua exuberância que é OLOKUN, que é feito somente por Babalawós. Para os Babalawós o assentamento de OLOKUN é muito mais profundo e fundamentado.
Ifá Ni L’Órun