XANGÔ costumava sair a passeio por terras vizinhas, para observar os distintos costumes vivenciados por cada povo e como viviam. Em uma de suas rotas chegou a uma terra que se chamava: ARA-MALE e observou uma grande diferença em sua recepção em relação a outras terras, ao render-lhe MOFORIBALE (Saudação respeitosa digna dos reis e sacerdotes), XANGÔ percebeu em ARA-MALE que seus habitantes realizavam uma cerimônia até o meio do dia, cuja cerimônia consistia em implorar ao sol (OLORUN) ao redor de uma cabaça que em seu interior continha SARAEKO (um espécie de mingau), o que consistia para eles em duas refeições: dejejum e almoço.
Tempos depois XANGÔ visitou novamente ARA-MALE e presenciou a harmonia e tranquilidade em que vivia o povo de ARA-MALE, trazendo por consequência uma grande preocupação com relação ao grande problema que confrontava em TAKUÁ, terra que estava em guerra com as demais terras vizinhas, não podendo celebrar nenhuma cerimônia de IFÁ e nem de ORIXÁS devido aos problemas e guerras cada dia mais intensas. Os povos não tinham paz para rogar a seus deuses e professar seu culto onde o culto se estagnava em tais terras. Diante de tal situação XANGÔ viajou de volta rumo à terra de ARA-MALE e trouxe a cabaça contendo SARAEKO rumo a terra TAKUÁ e vizinhas, pois somente com ela teria como implorar a OLORUN (Sol, força maior do universo) e aos espíritos supremos celestiais (eguns maiores). XANGÔ foi em busca de terra e areia para assentar a cabaça contendo SARAEKO e implorou a OLORUN através das súplicas e a EGUN, e assim pode vencer todas as guerras que assolavam as terras vizinhas a TAKUÁ com o ASHÉ de OBATALÁ, dando conta ao máximo ser supremo OLÓFIN, através de OLORUN (o sol). A partir desse momento a tranquilidade se estabeleceu e o CULTO aos ORIXÁS e a IFÁ foi restabelecido, em todas as terras YORUBÁS ficando determinado a partir de então que todas as consagrações tanto de IFÁ, quanto de ORIXÁS deveriam realizar o ritual do ÑANGAREÓ, pois representaria a paz, a tranquilidade e a presença divina de todos os seres celestiais, onde é vital para um nascimento, seja em IFÁ ou ORIXÁS, para que a paz divina suplante todas as guerras no nascimento de um neófito.
Nota: por isso, que antes do ITÁ há que se fazer ÑANGAREO, para que OLÓFIN tenha conhecimento que esta sendo feito em um ITÁ de nascimento. Por isso, o dia de ITÁ não se faz reverências aos mortos, exatamente porque no ÑAGAREÓ já se dá ciência a OLÓFIN (DEUS) e a EGUN, e aos máximos seres supremos do universo.
Ifá Ni L’Órun