ARONI é um ORIXÁ relacionado aos segredos das plantas. ORIXÁ do Culto Arará (Djedje), forma o grupo dos três animais místicos junto com KIAMAe KOLOFO. Representa-se com um boneco sem olho, com cabeça e rabo de cachorro e com uma só perna.
ARONI era o guardião dos segredos de OSSAIN e ele teve um enfrentamento com Ogbe Tumako e do dito enfrentamento pactou com este dar-lhe ervas que nunca podem faltar em um OSSAIN (Peregun, Prodigiosa, Bredo Branco e Antipolar).
Então Ogbe Tumako como agradecimento decide que todos os Omierós (Ervas Quinadas) dos Awós devem fechar com uma brasa acesa. A ARONI se oferecem dois pintos no monte para EXÚ.
PATAKIN:
Na Terra Iloban, cuja capital ficava no meio de um bosque, não se podiam obter os Ewé (ervas) necessárias para preparar os Omierós (ervas quinadas) das consagrações de IFÁ, pois cada vez que alguém ia busca-las no monte, um ser misterioso aparecia e ia ao encontro de quem estivesse ali e os cegava com uma bruxaria que tinha preparado com uma brasa acesa. Esse era ARONI, um dos espíritos do bosque, um ser malfeito e desforme por causa das distintas guerras nas quais tinha participado ajudando seu amo e senhor Ossain a ganhá-las. As vítimas de ARONI eram numerosas e um dia o Obá da Terra Iloban se enfermou e então foram consultar a Ifá. Saiu Ogbe Tumako intori atefa ao Obá (fazer Ifá ao Rei). Ninguém queria ir ao monte buscar as Ewé (ervas) e Ogbe Tumako se comprometeu em ir busca-las, mas ninguém quis acompanhá-lo. Ogbe Tumako antes de sair adentro do bosque, fez um Ebó com: Akuko meji, Ikoko de barro, um porrão com água e demais ingredientes.
Ao chegar ao bosque, Ogbe Tumako deu dois Akukós a Eshú e começou a recolher as ervas e ao chegar a uma clareira, já as tinha todas e jogou a água do porrão e começou a cantar. Ao ser olvido por ARONI, este se apresentou e gritou: Intruso! Como se atreve a entrar em meus domínios? E de repente ele se lançou em ataque, usando o carvão mágico. Ogbe Tumako mudou o suyere (cantiga) que cantava como lhe havia aconselhado seu Pai a Orunmilá e esquivando-se do carvão com o Ikoko de omieró, cantou: Inu Awó Ashé Wao, Inu Awó Ashé Wao, Inu Awó Ashé Wao, Inu Ina Yolekun Inu Awó Ashé Wao. Em um instante e para o assombro de ARONI, seu carvão em brasa caiu dentro daquele Ikoko de omieró e se apagou, terminando assim o poder da bruxaria de ARONI.
ARONI ao compreender o que havia acontecido disse ao Awó Ogbe Tumako: És grande e poderoso e de agora em diante quero aliar-me contigo. Ogbe Tumako lhe respondeu: Eu não sou grande e poderoso, meu pai e senhor pela vontade de Olófin, de quem sou só um fiel servidor, é o grande e poderoso.
ARONI lhe disse: Está bem, com ele desejo aliar-me, selemos um pacto para o resto de nossos dias. Tu me prestarás sua ajuda e eu lhe darei a minha. Selaram então o pacto e ARONI entregou ao Awó Ogbe Tumako quatro ervas: Peregun, Bredo Branco, Verdolaga e Antipolar e lhe disse: Estas são as que abrem o caminho a todas as obras e consagrações. Este é meu presente. Ogbe Tumako lhe disse: Como prova de nosso pacto, levarei sua brasa acesa ao omieró para que os demais awoses saibam de nossa amizade. ARONI lhe respondeu: Está bem, mas sempre me lembrarei disso e cada vez que tu e teus irmãos pegarem ervas para preparar o Omieró para consagrações, acenderão um carvão dentro do mesmo para que a maldade cesse e o bem perdure. Ogbe Tumako lhe disse: Assim será. Iboru Iboya Ibosheshe. E se retirou do monte com o Ikoko de Omieró e a brasa acesa de ARONI.
E desde então em lembrança desse pacto, todos os omierós de Ifá, os Oluwós para suas consagrações, colocam uma brasa acesa dentro de OSSAIN.
Ifá Ni L’Órun